Bittar: “Ao culpar a polícia, se isenta traficantes, latrocidas e assassinos profissionais”

O Culto Sociológico aos Criminosos

*Márcio Bittar

MARCIO BITA criminalidade aumenta muito quando parte dos membros da sociedade procura, a todo custo, justificar o crime e o criminoso: “o sujeito mata porque teria sofrido abusos na infância”; “os menores são violentos por causa da desigualdade social”; “o machismo é a grande causa da violência contra a mulher”; “é por falta de educação que as pessoas roubam e matam”; “eles aprenderam a ser criminosos nos presídios”. São frases comuns e ditas por boa parte dos jornalistas e ditos especialistas, por organismos não governamentais e por membros do Estado brasileiro. No afã tresloucado de defender bandidos, chegam a falar, com certa naturalidade, que é a arma de fogo quem mata. Ora, quem mata é uma pessoa e, às vezes, até sem armas.

Esta tendência de justificação do crime contribui diretamente para aumentar a sensação de impunidade e encorajar malfeitores a cometerem mais crimes. Afinal, o estilo de vida dos marginais, no Brasil, é glamourizado em filmes de cinema, novelas e músicas. Quem não lembra de folhetins televisivos com protagonistas representando bandidos heróis? E de filmes, como Cidade de Deus (2002), que exaltam a vida corrompida de parte (minoria absoluta) da população das favelas cariocas?.
No caso dos menores de idade, tal perversidade é ainda mais patente no País. A impunidade é avassaladora. Eles sabem que não serão punidos até completar 18 anos. Muitos fora-da-lei, também, assistem e tomam como incentivo a impunidade em relação aos mais poderosos e às máfias atuantes em todo território nacional. Infelizmente, a vida no crime parece compensar no Brasil.

O lado mais perverso deste culto sociológico dos criminosos é o ataque frontal aos policiais. O pensamento hegemônico inverte completamente os valores morais normalmente esperados pela sociedade. O bandido é visto, na maior parte dos discursos políticos e da grande mídia, como vítima da polícia e do sistema carcerário. Ora, é a completa desresponsabilização do criminoso e difamação da polícia, que é acusada das maiores aberrações, como cometer genocídio de jovens negros e pobres. Há uma CPI sobre isso na Câmara dos Deputados. Qualquer neófito no assunto sabe, muito bem, que o narcotráfico opera gerando extrema violência e assassinando jovens pobres nas periferias das cidades brasileiras Ao culpar a polícia de tal estado de coisas se isenta os traficantes, os latrocidas e os assassinos profissionais; agentes por excelência da violência.

Nessa toada pusilânime, segundo o “Relatório Sobre a Situação Mundial da Prevenção à Violência”, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 2014, o Brasil seria o 11º entre 194 países em taxa de homicídios. É a nação mais violenta do mundo em termos de números absolutos de assassinatos: mais de 64 mil em 2012.

Vejamos mais alguns números, do relatório citado, que dão a verdadeira dimensão do crime em nosso País. Em 2012, o índice de assassinatos por cem mil habitantes do Brasil foi de 32,4: cinco vezes a média mundial e nove vezes a média dos países ricos. Os EUA, tido por muitos como um país violento, exibiram taxa de 5,4 assassinatos por cem mil habitantes. Observe: 5,4 contra 32,4 assassinatos por cem mil habitantes em nosso País! A taxa na Índia foi de 4,3; em Israel 2,1; na China 1,1; na Itália 0,9; no Japão 0,4. Vivemos uma verdadeira epidemia de violência e contra fatos não há argumentos.

A ordem precisa ser restaurada. Não podemos continuar alimentando a violência com fronteiras abertas ao tráfico de drogas. Não podemos aceitar passivamente a inversão dos valores. Não podemos permitir a existência de amplos territórios nacionais dominados por facções criminosas. São 64 mil assassinatos em um ano; quantas cidades brasileiras tem 64 mil habitantes?

O Brasil precisa criar perspectivas reais e positivas de futuro para os seus jovens: educação, profissionalização, bons valores, ascensão social. Em contrapartida, o jovem, tendo e querendo um projeto de vida, deverá se esforçar a seguir uma vida normal e bem sucedida.

Mas, o fundamental é findar a impunidade e o culto sociológico aos criminosos. Todos devem ser responsáveis pelos seus atos. O crime não pode ser tolerado, pois ele tende a se alastrar. A Lei precisa ser dura e fazer justiça. O trabalho policial precisa ser apoiado. Por fim, todos os cidadãos tem que ter a certeza absoluta que o crime não compensa, praticado por ricos ou por pobres.

*Marcio Bittar é ex-deputado federal pelo PSDB e presidente do Instituto Teotônio Vilela

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