O Departamento de Economia da Cultura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou, no ano passado, R$ 325 milhões para projetos cinematográficos, editoras e livrarias e patrimônio cultural, histórico, material e imaterial.
Somente as operações diretas aprovadas em 2015 somaram R$ 214 milhões. Em 2014, os desembolsos para a economia da cultura totalizaram R$ 454 milhões. “Foi um ano movimentado, com muitas operações aprovadas. Um ano que representou um oásis aqui no BNDES, com bastante demanda. A economia da cultura está aquecida”, disse hoje (12) a gerente do departamento, Fernanda Farah.
Para apoio não reembolsável, o departamento busca projetos culturais com viés de sustentabilidade, que podem contemplar o apoio tanto a bens materiais como a bens imateriais. Aí estão contemplados também projetos cinematográficos no âmbito do edital de cinema.
No apoio reembolsável, o destaque foi o Programa para o Desenvolvimento da Economia da Cultura, que financia todos os elos das cadeias produtivas da economia da cultura, englobando salas de cinema; o audiovisual como um todo, envolvendo também produtoras e laboratórios de animação; editoras e livrarias. “Podemos apoiar também espetáculos ao vivo. A linha está disponível a todos os elos da cadeia”, informou Fernanda.
Ela destacou ainda as entregas para a sociedade da operação de digitalização do parque exibidor brasileiro, com a mudança tecnológica do padrão analógico para digital, e o apoio a produtoras de conteúdo, entre as quais a Conspiração Filmes.
Segundo Fernanda, desde 1997, quando começou a atuar no apoio ao patrimônio, o BNDES contabiliza 211 operações que totalizam R$ 577 milhões desembolsados até hoje. Os principais projetos são: Casa do Choro, Porto Mídia, Morro de São Paulo, Fábrica de Espetáculos, Museu da Natureza, Casa do Pontal, Orquestra Sinfônica Brasileira. “São projetos culturais, operações de restauro, patrimônio histórico, sempre com um viés de estruturação, uma coisa mais voltada para a sustentabilidade. Temos buscado não fazer um apoio não pontual, a um monumento ou uma instituição, e sim ter uma visão mais estratégica, de longo prazo, de valorização e preservação do patrimônio cultural e de dinamização da economia, com um olhar mais amplo.”
Animação
Em 2015, o BNDES atingiu a marca de 425 salas de cinema financiadas em todo o país, dentro do Programa Cinema Perto de Você, que promove a abertura de novas salas exibidoras, principalmente em lugares menos favorecidos, ao mesmo tempo que permite a expansão dos operadores de salas de cinema e seus planos de negócios.
Nesse programa, o banco opera em parceria com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, da Agência Nacional de Cinema (Ancine). O apoio do BNDES à construção e reforma de salas de cinema atinge R$ 420 milhões de 2009 até hoje.
Dentro da produção audiovisual, a gerente do BNDES salientou também a atuação da instituição no apoio a desenhos animados, como o Peixonauta, que “já viajou por muitos países”. “É um segmento que a gente considera que fez diferença ter apostado”.
Desafio
O Departamento de Economia da Cultura tem em carteira atualmente 42 projetos em análise, no valor de R$ 300 milhões. Em 2016, Fernanda Farah pretende concluir a análise de, pelo menos, parte desse volume, além de continuar com a ação forte no audiovisual, “ que está muito aquecido”. Disse que com o novo regulamento do patrimônio cultural que dividiu o segmento em patrimônio material e imaterial, o BNDES quer apoiar planos de negócios que vão fortalecer as instituições culturais e os agentes da cadeia.
Como uma derivação do audiovisual, o BNDES está apostando no segmento de ‘games’ (jogos). “Vai ser o nosso desafio do ano. A gente acredita que existe espaço para a indústria brasileira se posicionar de forma competitiva”. A ideia é financiar as empresas que são desenvolvedoras de ‘games’. Estudo elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) para o BNDES definiu onde o banco pode atuar para fortalecer essa indústria no país.
Segundo Fernanda, o financiamento do BNDES poderá abranger não só os jogos de entretenimento, mas os chamados ‘games’ sérios, como os educativos e aqueles voltados para formação de mão de obra qualificada. “O Brasil também tem esse filão para se especializar”. O banco já tem um projeto avançado no segmento de ‘games’ e outros que estão sendo estruturados nessa mesma área. A gerente pretende inaugurar esse segmento ainda no decorrer deste ano.
Os desembolsos do BNDES para o audiovisual no Brasil somam R$ 722 milhões no período compreendido entre 2007 e 2015. Ao todo, foram 432 filmes apoiados com recursos de R$ 200 milhões via edital de cinema. No segmento de animação, foram sete projetos aprovados, no montante de R$ 22,1 milhões. (Alana Gandra)