Ainda que seja um mundo obscuro e desconhecido por muitos, a Deep Web não é totalmente alheia às leis. Parte desse sistema reúne uma série de crimes que incluem venda de drogas, assassinos de alugueis e até grupos de pedofilias. E seus atores, apesar de se esconderem em um suposto “inviolável anonimato”, nem sempre ficam impunes. A punição, no entanto, é muito aquém do necessário, segundo Frederico Meinberg Ceroy, presidente do IBDDIG (Instituto Brasileiro de Direito Digital).
A Deep Web, como explica o Franzvitor Fiorim, engenheiro de vendas da Trend Micro – Brasil, é o termo usado para se referir a uma rede de páginas não indexadas, “ou seja, essa rede é invisível a grande maioria dos usuários — portais tradicionais de pesquisa não podem encontrar nada nessa rede”. Segundo ele, a rede é frequentemente associada com TOR, Freenet e outros softwares de anonimato. “Todas as três podem ser classificadas como darknets, e são uma parte da Dark Web, uma seção do Deep Web que requer ferramentas ou equipamentos especializados para acesso.”
Estima-se que esse espaço virtual seja 400 vezes maior do que a internet comum e esconde um mundo de atividades criminosas que buscam anonimato. Dados indicam que mais de 25% das buscas entre a Deep Web e a internet padrão são com fins de exploração infantil e pornografia. Assassinatos também podem ser encomendados por cerca de US$ 180 mil (cerca de R$ 700 mil), segundo a empresa de segurança online Trend Micro.
A maconha é a mercadoria mais vendida neste ambiente online, em seguida vêm os medicamentos como Ritalina e Xanax, mais conhecido como Alprazolam. No terceiro lugar do ranking aparece o ecstasy. Já a quarta posição é dividida pelo LSD, a metanfetamina, os cogumelos, a heroína, sementes e videogames. Nessa obscura terra também é possível conseguir a cidadania americana. Sites especializados criam passaportes por US$ 5.900 (cerca de R$ 23 mil).
Um novo relatório divulgado nesta quarta-feira (13) revelou que malwares bancários são os principais dentre as ofertas no mundo cibercriminoso brasileiro, graças à popularidade do internet banking por aqui. Por R$ 5.000, os compradores podem registrar as teclas digitadas de até 15 sites. Por R$ 300 faz-se curso para formação de hackers para roubar dados de cartões de crédito, e, por R$ 200, compram-se dez credenciais. E no Brasil, essas negociações costumam ser mais frequentes em fóruns públicos, não na Deep Web.
A conclusão do relatório de segurança é que o cenário socioeconômico do Brasil tornou o país um terreno fértil para os cibercriminosos. “O lucro rápido prometido se tornou atraente o bastante para vários indivíduos. Isso, por sua vez, atrai mais pessoas querendo seguir seu exemplo. O governo nacional precisa investir mais recursos nas investigações, principalmente quando o cibercrime brasileiro migrar para o território da Deep Web”.