Índios do povo Apolima-Arara podem ocupar a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Cruzeiro do Sul. A principal reivindicação é a completa retirada dos posseiros da Terra Indígena (TI) Arara, no rio Amônia, cuja portaria demarcatória saiu em 2011. O cacique da etnia, Chiquinho Arará, alega que os índios estão cansados de esperar a conclusão do processo de “desintrusão”, iniciado e não concluído pela Funai e Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Segundo ele, o clima de ameaças é intenso por parte dos moradores do lado da Reserva Extrativista Alto Juruá, bem como por parte dos traficantes peruanos. Inúmeros documentos foram enviados à própria Funai, Ministério Público Federal e Estadual, Polícia Federal, Exército e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), denunciado as ameaças de morte recebidas pelas lideranças, além da retirada ilegal de madeira, já que a TI está localizada em região de fronteira com o Peru.
“Estamos nessa luta pela nossa terra há 17 anos e não são 17 dias. Desde o início nunca foi fácil. Estamos com nossa terra demarcada desde 2009, mas não temos direito de usufruir dela livremente, pois os moradores do lado da Resex nos fazem constantes ameaças e nos impedem de pescar nos lagos e de caçar. Nossas crianças, que ainda estudam junto com os não índios, são descriminadas na escola. Nos ameaçam de transitar livremente dentro da nossa terra já demarcada”, declarou o líder indígena.
Em dezembro de 2012, a Funai iniciou o pagamento das indenizações, mas os que saíram era apenas assentados do Incra.
“O que nós percebemos é que esses órgãos querem que os não índios permaneçam na terra junto conosco, o que é impossível. Diante disso, mesmo com todas as dificuldades, decidimos vir aqui até a sede da Funai e permanecer até que se tenha uma solução. Nós só sairemos daqui quando se reiniciarem os pagamentos das indenizações de todos os ocupantes da terra e resolver de fato esse problema”, enfatiza Chiquinho Arara.