Exigência de exclusividade

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

Quase todas as pessoas que responderam à enquete acreditam que a maioria exige exclusividade sexual no namoro ou casamento.

A fidelidade é a cobrança mais séria em qualquer relação amorosa. Não é necessário nem conversar sobre o assunto. Basta iniciar um namoro, e já está implícito que a exclusividade é lei. Há aproximadamente cinco mil anos, ela é exigida apenas da mulher.

O homem queria ter certeza da paternidade para deixar a herança somente a seu filho. E para ter certeza da fidelidade da esposa várias estratégias foram adotadas.

As mulheres eram trancadas em casa, não podiam se comunicar com ninguém, e até cinto de castidade foram obrigadas a usar — o marido ia para a guerra e levava a chave. Quando nada disso adiantava, elas podias ser apedrejadas, açoitadas e mortas, se fosse descoberto um adultério.

Para o homem não havia essa exigência. Prover a família era suficiente para ser considerado bom marido, mesmo que frequentasse bordéis. A mulher se contentava em ser a “esposa respeitável”, seu papel era apenas o de cuidar do marido e criar os filhos.

Da década de 60 para cá, com o advento da pílula anticoncepcional e o movimento de emancipação feminina, muita coisa mudou. Com toda a liberação sexual, supunha-se que a exigência de fidelidade diminuiria. Entretanto, não foi o que aconteceu. Ao contrário, se ampliou: a mulher passou a exigir também fidelidade do marido, coisa que nunca havia feito anteriormente.

Estamos no século 21, homens e mulheres ainda exigem exclusividade de seus parceiros e consideram inadmissível que sintam desejo sexual por outra pessoa. Na realidade, todos são afetados por estímulos sexuais novos, vindo de outras pessoas que não os parceiros fixos. Esses estímulos existem e não podem ser eliminados.

O que ocorre é que diante da ideologia do amor romântico e das promessas de fidelidade feitas no casamento, as pessoas recalcam seus desejos e afirmam conceitos estereotipados, expressos em frases do tipo: “Quando se ama de verdade, só se sente desejo pela pessoa amada”, ou “Se um dos dois sentir tesão por outra pessoa é porque a relação não vai bem”. Nada disso corresponde à realidade. Os casais, no entanto, bem sabem que é natural sentir desejo por outras pessoas, por isso se controlam tanto.

Outro motivo que leva as pessoas a exigir fidelidade é que na relação amorosa estável se cria uma situação de dependência emocional, sendo comum se depositar no outro a garantia de não ficar só. O medo da solidão e do desamparo leva ao controle.

Porém, quando um dos parceiros abre mão de seus desejos por alguém, por consideração ou pela obrigação de fidelidade, o resultado é desastroso. Geralmente desenvolve uma irritação pelo outro, responsabilizando-o por suas frustrações. Isso sem contar que o parceiro, mesmo sem saber, terá uma dívida eterna pela concessão feita.

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