O líder comunitário Diego Lins, vice-presidente da Associação de Moradores do bairro Estação Experimental, está denunciando o que ele classifica como uma manobra covarde e autoritária, por parte da presidente da associação, Francielia Oliveira, e da equipe da prefeitura de Rio Branco.
Lins disse que foi “convidado” pela presidente da entidade a entregar seu cargo com a desculpa de que ele não teria tempo para acompanhá-la nas atividades do grupo. Para ele, porém, o “convite” seria uma represália por ter participado ativamente dos últimos protestos contra a corrupção e contra o governo de Dilma Rousseff, e também contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ele diz acreditar que sua saída tem relação com o fato de ser filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
“Quando fui procurado pela Francileia para compor a chapa que disputaria a Associação de Moradores da Estação eu deixei bem claro para ela que era uma pessoa de oposição e filiado ao PMDB. Ela me disse que isso não era problema e que dava mais credibilidade ao projeto de gestão da associação. Trabalho de vigilante no período noturno, e por conta disso há momentos em que não posso participar de alguns encontros da associação, e nem de estar andando com ela pelo bairro, mas dou minha parcela de contribuição Ela usou desse pretexto para me retirar da diretoria da associação, mas a realidade é outra: foi exigido que ela me retirasse da diretoria por ser de oposição e por ter participado dos atos contra o PT, Dilma e Lula. Nas manifestações eu estava fantasiado de ‘japonês da Federal’ e isso deixou os petistas revoltados”, disse Lins.
O líder comunitário denunciou, ainda, que Francielia Oliveira negociou a reforma da sede da entidade em troca de apoio à candidatura de reeleição do prefeito Marcus Alexandre (PT) e de um candidato a vereador indicado pelo próprio prefeito, além de promover encontros, reuniões e atos públicos com a presença de Alexandre e de seu candidato.
“Antes disso, a Francielia me procurou e disse que tinha conversado com o prefeito Marcus Alexandre e sua equipe, e que havia ‘acertado’ a reforma da sede. Ela disse que a prefeitura iria bancar a reforma e, em troca, a diretoria teria que apoiar, pedir votos e fazer campanha para o prefeito e um candidato a vereador indicado por ele. Além disso, agora nos próximos meses deveríamos organizar reuniões, encontros e atos públicos onde estariam presentes o prefeito e o seu candidato a vereador. Eu disse que até daria meu apoio e que participaria dessa farsa toda, mas na hora de votar, votaria nos meus candidatos e não neles. Dias depois ela me manda uma mensagem por WhatsApp pedindo para falar comigo e vai a minha casa acompanhada de uma outra moça. Lá ela me pede pra fazer uma documento comunicando meu afastamentos da diretoria da associação, ela me diz que já estava andando pelo bairro apresentando a outra moça como sua vice, e disse que o meu afastamento é porque eu não a acompanho nas atividades e nem participo do mesmo ‘projeto’ que ela. Eu respondi que não ia fazer documento, se ela quisesse fazer eu assinava, mas não ia fazer documento nenhum”, enfatizou.
Lins disse que está aguardando Francielia Oliveira apresentar o documento para ele assinar, mas que vai continuar denunciando o uso da associação para fins eleitorais e como curral do PT para reeleger Marcus Alexandre.
“Sou de oposição, sou declaradamente filiado ao PMDB, mas não é por isso que estou denunciado essas manobras de ludibriar o povo e do uso descarado da associação como curral eleitoral dessa gente, denuncio porque sou morador do bairro e estou farto de tanto desmandos e de tanta falcatrua, de tanta corrupção. Enquanto estiverem usando a associação para fins políticos eu estarei denunciando, pois não estão usando a associação para o bem dos moradores do bairro, mas sim para promoção pessoal e política”, diz ele.
Contilnet entrou em contato por telefone com a presidente da Associação dos Moradores do bairro Estação Experimental, Francielia Oliveira. Ela se disse surpresa com as denúncias. A líder comunitária disse que o pedido de afastamento de Diego Lins não tem relação com o fato de ele ter participado das manifestações ou ser filiado a algum partido de oposição, mas sim ligado ao seu distanciamento das atividades da associação.
A presidente disse ainda que conversou com Diego Lins a respeito do afastamento, e que ele teria aceitado a decisão afirmando ainda que estava feliz por ela o ter procurado para conversar.
“Isso não tem nada a ver, eu não misturo política com meu trabalho de líder comunitária. Quando eu entrei como líder de bairro, eu entrei pra trabalhar pela comunidade. Fui a casa do Diego, conversei com ele tranquilamente, estou até surpresa por ele fazer esse tipo de papel. Quando ele entrou como meu vice foi pra trabalhar pelo bairro, eu já sabia que ele era oposição, não tenho partido, meu partido é Deus, sou evangélica e minhas coisas são corretas, mas infelizmente ele parou de se envolver nos trabalhos da associação, esperei por ele, mas como ele não me procurou eu resolvei procura-lo pra conversarmos. Fui na residência dele, conversamos e ele disse que estava feliz por eu o ter procurado, e que ele não estava tendo essa coragem. Disse-me que havia conversado com a deputada Eliane Sinhasique, que o aconselhou a ficar na oposição, que para mim não há problema nenhum. Estou muito triste com essa atitude dele”, disse a presidente da associação.
Quanto à reforma da sede e a suposta negociação com equipes da prefeitura em troca de apoio político, Francielia Oliveira nega qualquer acordo dessa natureza, e afirma que tem trabalhando pela comunidade e buscado apoio por meio de emendas parlamentares para melhorias no bairro. Ela enfatizou também que não houve nenhuma proposta vinda do prefeito Marcus Alexandre e não envolveria a associação em nenhum tipo de negociata. A líder comunitária disse que Diego Lins falou inverdades ao envolver seu nome.