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Marina Silva: entrada de Lula é suspiro de governo que não tem para onde cair

Por Jovem Pan

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Marina Silva

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, a ex-ministra, ex-senadora e candidata à Presidência nas duas últimas eleições, Marina Silva (porta-voz Rede), criticou duramente a nomeação de Lula para a Casa Civil do governo Dilma.

Marina Silva considera esse um ato “paliativo” do governo em meio à uma “crise sem precedentes”. Seria uma tentativa de “suspiro” em um contexto de grande fragilidade da posição de Dilma no Planalto.

“É como se o governo da presidente Dilma não caísse porque não tem pra onde cair e o tempo todo fica procurando ganhar pelo menos o suspiro de um dia, de uma semana. Porque os fatos que são trazidos a toda hora pela Lava Jato, pelas circunstâncias, vão removendo cada uma dessas tentativas de saída”, disse. “Essa é mais uma tentativa de saída (da crise), com o convite do presidente Lula”.

A ex-ministra de Lula também critica o contexto em que a entrada oficial de Lula no governo é feita, quando Lula é investigado no âmbito da Operação Lava Jato, sob o comando do juiz Sérgio Moro na Justiça Federal do Paraná. “Passa a ser muito mais uma forma de se eximir dos processos de investigação que hoje estão em curso sobre a figura do ex-presidente”, analisou. Como ministro, Lula passa a ter foro privilegiado e responder ao STF em eventuais denúncias da Lava Jato.

Marina disse ainda que é “é como se nós mudássemos de regime sem que isso passasse pela Constituição”, colocando dois comandos sobre o Brasil. “Vamos ter a figura de duas pessoas como se tivéssemos dois presidentes da República”, afirmou. “O presidente Lula foi eleito para um primeiro e segundo mandato, mas não foi eleito para um terceiro ou para um quarto”. Marina lembrou que “muitos diziam que Dilma não tinha liderança própria” ainda quando foi eleita pela primeira vez, em 2010.

2018

Questionada se o novo cargo viabiliza o ex-presidente Lula para concorrer em 2018, Marina disse: “temos que pensar é no agora. Qualquer um que queira se fortalecer para 2018 é como se nem merecesse esse fortalecimento”. E continuou: “agora, o que nós temos que ter é compromisso em como resolver o que está acontecendo e o que vai acontecer”.

Marina Silva se diz contra “instrumentalizar a crise pensando em 2018” e defende a busca imediata de uma solução para a “crise econômica, social e sobretudo política”.

TSE

Para esta solução, Marina considera o caminho da cassação da chapa Dilma/Michel Temer, por meio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um caminho mais adequado que o impeachment. “O caminho para sair da crise é que o processo do TSE pudesse tramitar, para que devolva à sociedade brasileira a possibilidade de reparar o erro que foi induzida a cometer”.

A campanha de Dilma é investigada por supostamente ter recebido dinheiro de empreiteiras, em esquema de propinas para contratos na Petrobras, por meio de caixa dois e até mesmo das doações declaradas oficialmente.

Apesar de entender que o impeachment de Dilma “não é golpe”, a líder da Rede entende que seria “trocar seis por meia dúzia” – caso Michel Temer assumisse a Presidência. Ela recorda que o PT e o PMDB são os principais partidos envolvidos nos desvios da Petrobras investigados pela Lava Jato. “Quem praticou esses erros foram o PT e o PMDB, grupo que está há 12 anos no poder”, disse. “Queremos saída rápida da crise, mas queremos que ela seja efetiva”, defendeu.

Protestos

Relembrando a campanha presidencial de 2014, de que participou ficando em terceiro lugar, Marina disse: “a sociedade já está levando muitos tapas na cara desde que foi enganadas nas eleições de 2014 e, agora, tenta reagir para dizer que o que está aí ela não quer, ainda que não tenha uma resposta porque nesse momento ninguém tem uma resposta”.

Para Marina, “a leitura não está sendo feita da forma correta do que as ruas e o que a sociedade estão dizendo”. Ela elogiou a multidão de brasileiros que foi às ruas no último domingo (13) pedindo a saída de Dilma. “Seis milhões de pessoas é uma base social fantástica buscando um caminho que não seja apenas de busca de mais popularidade para continuar no poder”, afirmou.

“É busca de um projeto de País e qualquer liderança política tomaria isso como principal combustível para as ações”.

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