Em entrevista à CRESCER, a especialista conta que recebe muitas crianças que roem unha em seu consultório, a maioria entre 6 e 10 anos, e diz ter a impressão de que o número de casos vem crescendo nos últimos anos. “Parece que aumentou proporcionalmente ao grau de ansiedade que as crianças sentem”, comenta.
Por isso, usar esmaltes de gosto ruim ou só brigar para que a criança tire a mão da boca não funciona. “É a mesma coisa que jogar a sujeira para baixo do tapete. É preciso tratar a causa do problema”, recomenda Flávia. Por essa razão, além da consulta com o dermatologista, às vezes, é necessário que a criança receba também o acompanhamento de um terapeuta, que a ajude a identificar qual é a causa de sua angústia.
Muitas crianças chegam ao consultório de Flávia já com irregularidades nas unhas, como ondulações e fissuras, consequências do mau hábito de roê-las. “Na maioria dos casos é transitório, mas, se a criança roer no mesmo lugar repetidamente, os danos podem se tornar permanentes”, explica a dermatologista. Isso porque, se o ferimento atingir a matriz, que é justamente o lugar em que as unhas se formam, e danificá-la, a unha pode começar a nascer torta para sempre.
Outro ponto é que a boca é um ambiente cheio de bactérias. E conforme a criança rói a unha, causa feridas, que são porta de entrada para bactérias, vírus e fungos. “Isso pode não apenas causar uma micose, mas também uma infecção mais séria.” Se isso acontecer, pode ser necessário até mesmo o uso de antibióticos, seja tópico (aplicado diretamente na pele) ou via oral. Por isso, se o ferimento estiver estiver vermelho, quente, doloroso ou sair algum tipo de secreção, lave com sabonete antisséptico, passe água oxigenada e procure imediatamente um médico.
Crianças que roem unhas tendem a se tornar adultos que roem unhas. E, socialmente, o hábito não é nada bem visto. Por isso, quanto mais cedo seu filho superar este hábito, melhor! Veja o que você pode fazer para ajudá-lo:
– mantenha as unhas da criança sempre curtas e bem lixadas. Não se esqueça de aparar constantemente as peles que ficam levantadas com um alicate;
– nunca use pimenta, nem nada que arda nas mãos da criança. O objetivo não é punir, apenas alertar que aquele gesto não deve ser repetido.
– outra tática que pode funcionar é colocar um micropore na ponta dos dedos;
– crie na criança o gosto por cuidar das unhas, levando-a, por exemplo, à manicure (mas com seu próprio kit de alicates). A partir dos 5 anos, você já pode aparar o excesso de cutícula, mas sem tirá-la por inteiro, cortando só as pontinhas que ficam levantadas e que o seu filho tiraria com os dentes.