“A Venezuela condena as ingerências e as arrogantes declarações do presidente Barack Obama, que desconhece o governo legítimo e constitucional da Venezuela”, diz a nota, distribuída pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE).
O documento, a que a agência Lusa teve acesso, explica que “desconhecer expressamente o governo eleito pelo povo da Venezuela infringe normas e princípios elementares do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, como o princípio de não ingerência nos assuntos internos (de outros países), o princípio de autodeterminação dos povos e de igualdade soberana dos Estados”.
Na segunda-feira (14), em entrevista à CNN em espanhol, Obama recomendou a eleição, o quanto antes, de “um governo legítimo”.
Segundo o MRE, “o sistema democrático venezuelano” contempla “garantias para o exercício do direito da vontade e poder popular como não existem em nenhum outro país” e, por isso, “os direitos civis e políticos da população estão plenamente garantidos”.
No documento, o governo venezuelano afirma que o sistema político dos Estados Unidos “é profundamente elitista, baseado na capacidade de influência dos capitais empresariais em substituição à vontade do povo”.
“A Venezuela condena as declarações do presidente norte-americano por constituírem franca intromissão na vida política do país e (por), de forma aberta, incitar os fatores violentos à derrubada do governo constitucional e legítimo do presidente Nicolás Maduro”, diz o comunicado.
O presidente norte-americano manifestou-se, na segunda-feira, preocupado como a crise econômica na Venezuela e recomendou a eleição, o quanto antes, de um governo “legítimo”.
“Francamente, estamos preocupados com o estado da economia [da Venezuela]”, disse em entrevista à CNN em espanhol. Ele destacou que “os Estados Unidos não têm nenhum interesse em ver a Venezuela fracassar” e que as economias dos países do Continente Americano estão todas interligadas.
“Se a Venezuela fracassar isso poderá ter um impacto [negativo] nas economias da Colômbia, da América Central, ou do México e isso, por sua vez, poderá afetar a economia norte-americana”, disse.
Obama afirmou que os Estados Unidos querem “que o povo venezuelano tenha sucesso”, acrescentando, no entanto, que isso será “mais difícil” se os venezuelanos “não solucionarem alguns dos problemas de governabilidade que os afetam há bastante tempo”.
“Assim que o povo venezuelano puder eleger um governo em que confie, que seja legítimo e que possa começar a implementar políticas económicas que o tirem da espiral em que se encontra, melhor será para todos nós”, declarou.