CRESCER: Qual é a prevalência de cálculo renal em crianças?
Mariana Cunha: A prevalência verdadeira não é totalmente conhecida e, provavelmente, é subestimada. Alguns estudos americanos mostram que de 3 a 5% das crianças apresentam cálculos e cerca de 20% dos atendimentos em serviços de emergência são relacionados ao problema.
C: Quem são as crianças mais predispostas a apresentar a alteração?
M. C: O diagnóstico é feito em crianças das mais variadas idades, sendo que as pequenas têm maior probabilidade de apresentar distúrbios metabólicos na urina, envolvidos na formação dos cálculos. Um estudo brasileiro evidenciou maior prevalência entre 7 e 12 anos, especialmente em meninos, mas os dados podem variar muito. A tendência a formar pedras é multifatorial e inclui várias alterações na formação da urina, como aumento da excreção de cálcio, oxalato, ácido úrico ou redução de citrato. Algumas dessas condições são hereditárias, justificando a atenção especial em crianças com histórico de cálculo na família.
C: A incidência de pedras no rim na população infantil vem aumentando?
M. C: Sim, notamos um aumento progressivo no número de crianças. Um dos motivos é, certamente, mudanças nos hábitos de vida, sobretudo na dieta, com aumento da carga de sódio ingerida, relacionada ao consumo de alimentos industrializados.
C: Como evitar a doença?
M.C: A prevenção consiste no aumento da ingestão de líquidos, especialmente de água, além da redução de sal na alimentação e do capricho na inclusão de frutas na dieta.
C: Além da dor lombar intensa, há outros indícios que levantem suspeita para cálculo renal?
M. C: Dois sinais que podem aparecer em crianças com cálculos ou risco de desenvolvê-los são a presença de sangue na urina e as infecções urinárias de repetição.
C: Quais são as possibilidades de tratamento?
M.C: Ele deve ser individualizado e depende da idade do paciente, do tamanho e da localização do cálculo, e da presença ou não de infecção urinária. Muitas vezes, a hiper-hidratação favorece a eliminação espontânea do cálculo. Outras vezes, é necessária a intervenção cirúrgica, seja aberta ou endoscópica. A litopripsia [técnica que visa degradar a pedra para reduzi-la de tamanho, possibilitando a eliminação pelas vias naturais] também pode ser indicada em pediatria, a critério médico.