O documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha fez sua estreia nesta segunda-feira na programação oficial do festival, dentro da seção Cannes Classics, reservada a clássicos e a preservação da memória do cinema. O filme concorre ao troféu L’Oeil d’Or (Olho de Ouro), prêmio paralelo dedicado ao melhor documentário de todas as mostras da maratona.
A sessão foi acompanhada por representantes do cinema brasileiro, como Manoel Rangel, diretor da Ancine (Agência Nacional do Cinema), e Kleber Mendonça Filho, diretor de “Aquarius”, o candidato brasileiro a Palma de Ouro deste ano, que será exibido na terça (17). Também nesta segunda-feira foram exibidos os novos filmes de Jeff Nichols e Jim Jarmush.
“Cinema Novo” é um ensaio poético sobre o mais conhecido movimento cinematográfico latino-americano. O filme reflete sobre a importância da revolução cinemanovista a partir do pensamento de seus principais autores, como Glauber Rocha (“Deus e o diabo na terra do sol”), pai do diretor, Nelson Pereira dos Santos (“Rio, 40 graus”), Ruy Guerra (“Os fuzis”), Cacá Diegues (“Ganga Zumba”), Leon Hirszman (“A falecida”), e Paulo César Saraceni (“Porto das Caixas”), entre outros.
O documentário se constrói a partir de um fluxo narrativo que combina trechos de títulos-síntese do movimento, com fotos e imagens de programas de TV, making-ofs e registros caseiros dos cineastas. Ao apresentar seu filme, o diretor fez um paralelo entre o momento político à época do florescimento do Cinema Novo e o Brasil de hoje.
— O Cinema Novo foi um dos ciclos mais produtivos do cinema brasileiro, e atravessou um dos períodos mais negros da História recente do país, a ditadura militar. Hoje vivemos um outro instante de ruptura na democracia brasileira. Precisamos lutar, cada um a sua maneira, para preservar os valores democráticos — exortou Rocha.