No Brasil, diferentemente do que acontece em muitos outros países, é comum encontrar quem tome mais de um banho por dia e, inclusive, lave os cabelos todas as vezes. Porém, quando se trata de crianças, especificamente dos bebês, o hábito recebe um cartão vermelho, e não é porque os fios ficam podres, como se acredita por aí.
“O cabelo não apodrece, mas não se deve lavar a cabeça dos bebês mais de uma vez ao dia, pois o couro cabeludo não ficará completamente seco e esta umidade pode desequilibrar a microflora natural da pele”, declara Inaê Cavalcanti, dermatologista especializada em cabelos da DOM Medicina Personalizada.
Além de demorar a secar, o uso excessivo de xampu pode ressecar os fios. “O correto é umedecer os cabelos, colocar uma quantidade pequena de shampoo próprio para bebês na mão e então massagear levemente o couro cabeludo. O enxágue deve ser feito com água morna, sempre retirando todo o resíduo do produto da testa para trás, sem deixar a água escorrer sobre o rosto da criança”, explica Kerstin Taniguchi Abbage, médica pediatra presidente do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Escolher os produtos adequados para a higienização dos cabelos dos bebês torna a lavagem muito mais segura. Por isso, é fundamental optar por cosméticos certificados e desenvolvidos especificamente para as crianças, visto que eles são dermatologicamente testados e mais suaves.
Até os 4 meses, ressalta Inaê, o ideal é utilizar apenas xampu. Isso porque, nesta idade, ainda há hormônios maternos circulantes, o que, junto com o condicionador, pode criar uma tendência à descamação seborreica.
A partir dos 6 meses, condicionadores apropriados, desde que enxaguados adequadamente, estão liberados, sobretudo para os bebês de cabelos crespos, ou aqueles com fios muito finos, que tendem a embaraçar. Finalizadores, como géis de cabelo próprios para crianças, por sua vez, só são permitidos para os maiores de 1 ano de idade.
No geral, o banho de um recém-nascido deve durar aproximadamente 10 minutos. O principal cuidado, entretanto, se dá na hora de tirar a criança do banheiro e levá-la para o quarto, quando a cabeça do bebê deve ser coberta pela toalha e o excesso de umidade retirado ainda no banheiro.
“A passagem de um ambiente aquecido, como o banheiro, para um sem aquecimento, principalmente no inverno e em cidades frias, como as do Sul, podem causar uma perda abrupta de calor, especialmente se pensarmos que a cabeça possui uma superfície relativamente grande se comparada ao corpo do bebê. Então, sim, ele pode se resfriar”, diz Kerstin.