
Késia Campelo e o filho com Down
A dona de casa Késia Campelo da Silva tem um filho de 10 meses com síndrome de Down e precisa vir a Rio Branco duas vezes por semana para tratamento dele, mas, segundo ela, o único carro que fazia o translado das mães com filhos para tratamento à capital quebrou.
Diante do problema, a direção do hospital do município alugou um veículo particular, mas Késia foi impedida de ser uma das passageiras do serviço.
“Quando eu fui ao hospital solicitar que eu fosse levada no carro com o meu bebê para Rio Branco, a diretora disse que, como eu não havia procurado o serviço assim que mudou de veículo, eu perdi a vaga e somente duas outras mães estão tendo o benefício de fazer o tratamento dos filhos de carro, sendo que uma delas tem veículo próprio e está tirando o direito de quem realmente precisa.”
Com esse impedimento, Késia vem à capital no ônibus do TFD até a escola Dom Bosco, de lá ela pega dois ônibus até chegar ao Hospital das Clínicas para o tratamento do filho. Ela relata que ela e o filho já pegaram chuva e sol e que o bebê vive doente por conta disso, e até pneumonia já pegou.
“Meu filho tem só dez meses e por conta da doença ele requer cuidados especiais, não pode pegar poeira, chuva e nem ficar exposto ao sol. Eu não tenho ninguém em Rio Branco, então eu passo o dia inteiro com ele no hospital esperando todos os outros pacientes terminarem o tratamento para que o ônibus leve a gente de volte a Plácido”, relatou.
Ao indagar o hospital por ter o mesmo direito que as outras mães, a diretora disse a Késia que procurasse o Ministério Público, “porque ela não podia fazer nada”.
“Eu fui questioná-la porque que eu também tenho direito de utilizar o veículo e ela disse que ele estava servindo somente para casos prioritários como pacientes de hemodiálise, porém uma das mães que usam o carro tem um filho com síndrome de Down, a mesma situação do meu filho, e aí ela disse para eu procurar o Ministério Público”, desabafou.
De acordo com a direção do Hospital Manoel Marinho Monte, aproximadamente 12 crianças do município de Plácido de Castro fazem acompanhamento de saúde em Rio Branco, com síndrome de down.
“A transferência de pacientes intermunicipal é feita pela Secretaria Municipal de Saúde de Plácido de Castro, incluindo transporte, agendamento de consultas e acompanhamento médico. Vale ressaltar que o município conta com um micro ônibus para atender essa demanda. O Hospital Manoel Marinho Monte é uma unidade que atende urgência e emergência e, dentro do que é possível, tem ajudado o município em algumas demandas de saúde”, diz trecho da nota enviada pela assessoria da Secretaria de Saúde do Acre.