Por Ming Liu
A Semana da Alimentação Orgânica coincide com as comemorações da semana do Meio Ambiente e uma reflexão se faz necessária: como suprir o aumento da demanda e aproveitar as oportunidades de negócios nos mercados interno e externo?
Passados mais de cinco anos do processo de regulamentação da Lei 10.831 dos orgânicos (2011), ainda não temos claramente uma visão do tamanho e posicionamento que o setor de produtos orgânicos conquistou. Sabemos em parte como a cadeia produtiva se distribui dentro do movimento, mas não sabemos o volume de produtos que se produz, não sabemos muito bem o quanto representa em termos de valores econômicos, não sabemos quais as regiões de maior desenvolvimento produtivo e como ele vem evoluindo, e não sabemos tantos outros indicadores que nos faz falta em ajudar a criar políticas de desenvolvimento e preparar ferramentas de apoio e capacitação a quem está no meio.
Para muitos, o movimento é um fado ou uma nova onda de tendências de consumo, algo que logo passará, mas para o mundo é um processo de transformação de indivíduos que buscam melhorar a qualidade de vida, a segurança dos bens que consomem, e que se preocupam em garantir que as outras gerações possam ter esta mesma possibilidade.
Queremos o futuro num planeta vivo, orgânico e saudável para se viver. É uma mudança sem volta.
Como todo setor que se desenvolve, o desafio é crescer de forma planejada, organizada e trazendo todos os elos da cadeia. Em 2015, fundamos o ORGANIS – Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável com o propósito de ser um facilitador para este desenvolvimento.
A principal missão do ORGANIS é harmonizar a demanda que o setor precisa de forma a poder atender empresas dos setores de alimentos e bebidas, indústria de higiene e cosméticos e o setor têxtil, onde no mercado global estes setores já são uma realidade junto ao consumidor.
O ORGANIS foi construído com a colaboração de Conselheiros Curadores que podem ajudar a unificar as demandas de forma legítima e imparcial. O ORGANIS terá pela frente prioritariamente o desafio de se fazer presente institucionalmente, fomentar o processo de comercialização no país e nos mercados globais, e ser um canal de comunicação junto ao consumidor final: educar e conscientizar sobre o produto orgânico.
Para o futuro, podemos constatar a mudança de parâmetros e critérios que os consumidores adotam e sabemos que o preço nem sempre é decisivo, apesar do cenário econômico não muito positivo para os próximos anos. Esperamos que cada vez mais, a racionalidade e o bom senso sejam decisivos na busca de produtos mais éticos, seguros e saudáveis.
Assumindo essa posição assertiva, o Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável – ORGANIS – se apresenta para ser esta plataforma de negócios para unir integrantes de uma cadeia produtiva, ser a representante legítima de produtores, processadores, empresas e empreendedores brasileiros da cadeia de produção orgânica e sustentável.
É um novo desafio para um país como o Brasil – orgânico por natureza e com a maior biodiversidade do planeta.
Ming Liu é diretor do ORGANIS – [email protected]