19 de abril de 2024

Unificar setor de orgânico para enfrentar a crise

Ming Liu

Vivemos hoje tempos de transição, tempos de grandes mudanças e não podemos deixar de acreditar na virada, não perder o otimismo e a esperança de dias melhores. Independente da crise que vivemos, dos partidos políticos que hora brigam por interesses próprios e individuais que sempre sobrepõem o coletivo, temos de nos levantar e seguir em frente.

Alguns já falam que temos pela frente nova década perdida, mas trago um pensamento de Rudolf Steiner, pai da Antroposofia, para servir de referência para estes novos tempos que teremos pela frente na qual afirma que “a missão do ser humano é o desenvolvimento moral baseado no amor altruísta preservando a liberdade individual, ou seja, que não se baseia em imposições exteriores de alguma pessoa, governo ou instituição, mas sim irradiar os valores a partir do conhecimento individual em plena liberdade”.

Nesta linha de visão futura, venho apontar que desde o início das atividades da agricultura biodinâmica em Botucatu em 1973, e que considero o marco da introdução do movimento orgânico no país, até o presente momento, compreendo ser o curto período que temos conhecimento do processo de desenvolvimento do setor. São quase 25 anos de uma vida e perder uma década é mais do que ¼ de nossa existência. Somos o que poderíamos nos identificar como uma parte da geração Y do mundo, onde as pessoas se desenvolveram numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica, facilidade material, e efetivamente, em ambiente altamente urbanizado.

Passados mais de cinco anos do processo de regulamentação da Lei 10.831 dos orgânicos (2011), ainda não temos claramente uma visão do tamanho e posicionamento que o setor de produtos orgânicos conquistou. Sabemos em parte como a cadeia produtiva se distribui dentro do movimento, mas não sabemos o volume de produtos que se produz, não sabemos muito bem o quanto representa em termos de valores econômicos, não sabemos quais as regiões de maior desenvolvimento produtivo e como ele vem evoluindo, e não sabemos tantos outros indicadores que nos faz falta em ajudar a criar políticas de desenvolvimento e preparar ferramentas de apoio e capacitação a quem está no meio.

Para muitos, o movimento é um fado ou uma nova onda de tendências de consumo, algo que logo passará, mas para o mundo é um processo de transformação de indivíduos que buscam melhorar a qualidade de vida, a segurança dos bens que consomem, e que se preocupam em garantir que as outras gerações possam ter esta mesma possibilidade.

Queremos o futuro num planeta vivo, orgânico e saudável para se viver. É uma mudança sem volta.

O mercado global de orgânicos movimenta perto de US$80 bilhões de dólares em faturamento. O Brasil tem um mercado estimado na ordem de R$2,5 bilhões, com expectativa de crescimento na ordem de 30% em 2016, mesmo dentro da situação econômica que temos enfrentado; crescimento demonstrado pela forte demanda do setor varejista na Feira APAS 2016 por produtos saudáveis, principal tendência identificada como direcionamento do consumidor do futuro.

Como todo setor que se desenvolve o desafio é crescer de forma planejada, organizada e trazendo todos os elos da cadeia. Interesses e necessidades diferenciadas do setor primário (produtores e agricultores) e secundário (indústria e processadores) são relevantes e para essa função foi fundado em 2015 o ORGANIS-Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável com o propósito de ser um facilitador para este desenvolvimento.

A principal missão do ORGANIS é harmonizar a demanda que o setor precisa de forma a poder atender empresas dos setores de alimentos e bebidas, indústria de higiene e cosméticos e o setor têxtil, onde no mercado global estes setores já são uma realidade junto ao consumidor.

O ORGANIS foi construído com a colaboração de Conselheiros Curadores que podem ajudar a unificar as demandas de forma legítima e imparcial. O ORGANIS terá pela frente prioritariamente o desafio de se fazer presente institucionalmente, fomentar o processo de comercialização no país e nos mercados globais, e ser um canal de comunicação junto ao consumidor final: educar e conscientizar sobre o produto orgânico.

Para o futuro, podemos constatar a mudança de parâmetros e critérios que os consumidores adotam e sabemos que o preço nem sempre é decisivo, apesar do cenário econômico não muito positivo para os próximos anos. Esperamos que cada vez mais, a racionalidade e o bom senso sejam decisivos na busca de produtos mais éticos, seguros e saudáveis.

Assumindo essa posição assertiva, o Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável – ORGANIS – se apresenta para ser esta plataforma de negócios para unir integrantes de uma cadeia produtiva, ser a representante legítima de produtores, processadores, empresas e empreendedores brasileiros da cadeia de produção orgânica e sustentável.

É um novo desafio para um país como o Brasil – orgânico por natureza e com a maior biodiversidade do planeta.

Ming Liu é diretor do ORGANIS

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