Os usuários do transporte coletivo de Rio Branco estão reclamando da dificuldade de pagamento da tarifa e horários de passagem dos ônibus nas paradas. Um dos fatores tem sido a dupla função que os motoristas estão exercendo ao trabalhar também como cobradores.
A principal denúncia é que os motoristas não se concentram na direção do veículo, já que estão ocupados também em receber o dinheiro dos usuários, passar o troco e destravar a roleta. O excesso de funções mostra o baixo nível da qualidade do serviço oferecido à população, tendo em vista que a legislação exige atenção do motorista.
A visita da reportagem da ContilNet à linha do Conjunto Tucumã mostrou o estresse dos motoristas e a dupla ocupação no decorrer do deslocamento do ônibus até o Terminal Urbano no centro da capital.
Consultado pela reportagem, o ex-diretor de uma empresa do transporte coletivo João Marcos Luz disse que o caos está implantado no transporte coletivo e que é um crime a forma como estão utilizando a mão de obra dos motoristas de ônibus.
“Em todos os ônibus, tem aquela placa que vem direto das concessionárias dizendo que é proibido falar com o motorista, justamente pela atenção que o mesmo deve ter, já que transporta dezenas de vidas dentro do veículo. Rio Branco não foi uma cidade planejada, e sim desbravada. Então não contamos com ruas largas e uma estrutura de trânsito que garanta uma tranquilidade do transporte coletivo como em algumas capitais do Brasil. Temos é ruas cheias de buracos, imperfeições no asfalto, vias que se misturam com os demais veículos. Ou seja, uma condição que não garante o mínimo de qualidade para os trabalhadores do transporte coletivo, e principalmente aos usuários”, destacou João Marcos.
Para o ex-diretor, além dos ônibus sucateados e que vivem quebrando, os profissionais têm problemas de estresse, dores da coluna e joelho. João Marcos diz ainda que os motoristas ganham uma gratificação abaixo de R$ 200 para exercer a função também de cobrador.
Em algumas capitais do País, o Ministério Público entrou com a ação pedindo para que o serviço fosse prestado pelos cobradores. “Para se ter uma ideia, o cobrador ajuda o motorista quando o ônibus está lotado na verificação de entrada e saída dos passageiros, na situação que ocorrer dentro do ônibus. Por isso que é importante os dois no ônibus”, explicou João Marcos.
A reclamação é generalizada, tanto por parte dos motoristas como também pelos usuários. Os empresários, na intenção de diminuírem os custos, acabam defendendo o acumulo da função.
Em Curitiba, por exemplo, o MPE entrou com a ação e a Justiça decidiu que as empresas teriam que se readequar, ampliando os locais de compra de bilhetagem, além de padronizar os ônibus para o serviço dos cobradores voltar a ser realizado.