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Idosa é presa por racismo em supermercado de Brasília

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Uma idosa de 77 anos foi presa por racismo e injúria racial após ofender uma produtora cultural em um supermercado de Brasília. A produtora Elizabete Braga registou um boletim de ocorrência na tarde de ontem (28), relatando que foi xingada de “preta safada” e “preta sem educação”. Os crimes são resultantes de preconceito de raça ou de cor.

Na tarde de hoje (29), a agressora foi liberada em função da idade avançada, de acordo com informações da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).

Elizabete relatou que, enquanto estava na fila do caixa do supermercado, a senhora se aproximou dela, perguntou se seu cabelo era natural ou peruca e, em seguida, o tocou. A produtora disse que pediu educadamente para que a senhora não tocasse seu cabelo e, então, ela se exaltou e disse que não gostava de pessoas negras, além de ter feito outros insultos.

A produtora cultural afirmou que a situação causou constrangimento a todos que estavam por perto e ela seguiu com as compras para o carro, mas, quando retornou para devolver o carrinho do mercado, a mulher voltou a xingá-la e cuspiu duas vezes em direção a Elizabete. “Ele continuou xingando e as pessoas passavam e ficavam impressionadas”, contou.

Elizabet decidiu então ligar para a polícia e disse que não deixaria a agressora ir embora antes da chegada dos policiais. A idosa mostrou uma carteira de identificação do Ministério das Relações Exteriores e disse que nada aconteceria a ela. Como uma viatura não chegou ao local, Elizabete teve o consentimento da agressora para fotografar sua identificação pessoal e foi à Decrin registrar ocorrência.

A delegada titular da Decrin, Glaucia Cristina da Silva, relatou que, após o registro da ocorrência, a polícia foi até a casa da senhora e ela foi presa. Na delegacia, a idosa mais uma vez teve atitudes racistas. Ao ser ouvida, ela tentou tocar o cabelo da delegada e, ao ser repreendida, disse em voz alta “Não vou tocar, porque não quero sujar minha mãos”.

O boletim de ocorrência registra que, na delegacia, a senhora negou que tenha chamado Elizabete de “preta safada” ou feito qualquer outro tipo de insulto e que apenas elogiou o cabelo da produtora cultural. Segundo a delegada Glaucia Cristina, o filho da senhora relatou que ela tem problemas de alcoolismo.

Elizabete relatou à Agência Brasil que espera que a agressora seja processada e o caso sirva de alerta para quem tem atitudes racistas. “Espero que ela seja processada pelo Estado para que isso sirva de alerta para as pessoas que acham que não dá em nada ofender e constranger outras pessoas com racismo”. E completou “é preciso que a sociedade comece mudar essa cultura, racismo é cultural e não é de hoje”, disse.

Essa é a terceira vez que Elizabete vai a uma delegacia para fazer denúncia de racismo, mas nas duas primeiras ela não conseguiu registrar ocorrência.

A delegada titular da Decrin, Glaucia Cristina da Silva, diz que é preciso denunciar casos como esse para que os crimes de racismo não fiquem subnotificados e impunes. “Que as pessoas confiem e registrem ocorrência, notifiquem o que aconteceu para que possamos ir atrás e os autores serem responsabilizados já que feriram a dignidade humana”.

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