O velório do cineasta Hector Babenco começou às 10h de hoje (15) e vai até as 15h na Cinemateca, no bairro Vila Mariana, zona Sul da capital paulista. Ele morreu após uma parada cardiorrespiratória na noite de quarta-feira (13) em São Paulo. O corpo do cineasta será cremado no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra por volta das 17h, em uma cerimônia para familiares e amigos. Babenco tinha 70 e estava internado no Hospital Sírio Libanês desde terça-feira.
Para o ator Tony Ramos, Babenco foi um diretor da maior importância e entre suas principais características estavam a franqueza absoluta e a determinação. “Ele jamais mascarava o que sentia. Dava indicações para o ator, mesmo quando não era uma produção sua. Ele sempre vinha e dava uma dica amável, bem-humorada, mas era contundente, criativo. Era um homem de palavra, corajoso, tudo era dito na frente. Isso é importante, é a característica de um homem forte e determinado. Ele merece todas e mais homenagens”.
Segundo Tony Ramos, é preciso entender que o corpo vai, mais a alma e a presença criativa de Babenco estará para sempre presente na sua obra. “A molecada que ainda não sabe bem a importância dele é só dar uma olhada na tal da internet que vai saber melhor quem é esse homem. Ele produziu uma peça que eu fiz (Morte à donzela), mas sempre tivemos uma boa e velha camaradagem, uma boa amizade. A amizade era mais do que isso”, disse.
A atriz Tuna Dwek que atuou em seu último filme Meu Amigo Hindu elogiou a personalidade do cineasta e destacou a autenticidade de Babenco. “É muito bom trabalhar com uma pessoa assim. Ele era um cara que adorava os atores, respeitava nosso trabalho e dava muita liberdade de criação para nós. Esse último filme é o único que tem o final feliz, muito solar. E ele tinha esse sol dentro dele”.
O cineasta e presidente da Fundação Memorial da América Latina, João Batista de Andrade, disse que a morte de Babenco significa uma enorme e inesperada perda para o cinema brasileiro. “Embora ele estivesse doente há algum tempo, ele estava bem e fez um filme bom, autoral e baseado nele mesmo. Ele tem uma presença muito importante na história do cinema”.
Andrade ressaltou que Babenco veio para o Brasil com uma carga muito própria do cinema americano, que trabalha em condições técnicas mais elaboradas e com menos improviso, além de ter a formação de um cinema mais clássico semelhante ao argentino.
“Isso criou uma carreira muito particular dele atravessando os vários períodos do cinema brasileiro e fazendo sucesso. Isso mostra que a temática social e as dificuldades do brasileiro são temas que interessam ao público. Filmes como Pixote e Carandiru atraíram um público enorme em qualquer lugar do mundo”.
Babenco nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 1946, e se mudou para o Brasil aos 19 anos. Em 1977 se naturalizou brasileiro. Era descendente de imigrantes ucranianos, o pai era argentino e a mãe polonesa. Ao longo da carreira foi indicado ao Oscar de melhor diretor pelo filme O Beijo da Mulher Aranha, de 1985. Dirigiu ainda Pixote: A Lei do Mais Fraco, de 1982 e Lúcio Flavio, o Passageiro da Agonia, de 1977. Em 2003 lançou Carandiru. Antes, em 1998, lançou o longa Coração Iluminado.
O cineasta também dirigiu duas produções hollywoodianas: Ironweed, de 1987, e Brincando nos Campos do Senhor, de 1990.