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Hillary terá que superar grandes desafios

Por Globo

Hillary Rodham Clinton, former US Secretary of State, listens before delivering keynote remarks at the Global Alliance for Clean Cookstoves summit, Friday Nov. 21, 2014 in New York. (AP Photo/Bebeto Matthews)

A indicação formal da ex-secretária de Estado Hillary Clinton para disputar a corrida para suceder Barack Obama na Casa Branca representa um marco sem precedente. Mesmo que não vença as eleições, ela já entrou para a História como a primeira mulher a concorrer à presidência dos EUA. A agora candidata oficial pelo Partido Democrata foi indicada por aclamação na madrugada de ontem, no terceiro dia da convenção, sem a necessidade de contagem de votos. Apesar da festa, no entanto, os desafios que se colocam para a candidata são enormes.

Hillary terá, por exemplo, que lidar com uma profunda divisão interna no próprio partido. Enquanto acompanhava os votos dos estados, a ex-secretária de Estado foi vaiada várias vezes, e o nome de seu rival nas primárias, o senador por Vermont Bernie Sanders, foi gritado várias vezes em desafio à convenção. Nem mesmo o pedido do próprio Sanders para que os eleitores democratas se unam em torno de Hillary apaziguou os espíritos. O clima de animosidade permaneceu alto durante toda a convenção, especialmente após a divulgação de uma série de e-mails pelo Wikileaks, que mostram que a máquina do partido foi parcial, a favor da candidata, o que custou o posto de Debbie Wasserman Schultz, como presidente do partido.

O rival republicano, Donald Trump, também enfrentou uma convenção rachada, inclusive com o agravante de não ter conseguido o apoio de figuras importantes do partido, como o senador Ted Cruz. Mas ele não é, por isso, um adversário fraco. O concorrente de Hillary tem uma retórica xenófoba e contrária ao sistema político de Washington que agrada À boa parcela do eleitorado. Trump é uma espécie de reverso de Sanders, mas também cativa uma faixa dos eleitores crítica aos políticos. Ambos transitam no campo do populismo, o primeiro à direita e o segundo, à esquerda.

Histriônico e bufão, Trump mostra um despreparo perigoso para chefiar uma potência como os EUA, além de ter um estilo extremamente agressivo. Ontem, por exemplo, ele conclamou espiões russos — os mesmos que hackearam os e-mails de Debbie Schultz — a invadirem as contas da candidata democrata para vazar milhares de e-mails privados, escritos à época em que era secretária de Estado e que não foram divulgados durante as investigações sobre o uso do correio eletrônico privado para tratar assuntos de governo.

Com o apoio de Sanders, Hillary Clinton é agora a candidata democrata, e é bom que militantes do partido se engajem em sua campanha. Com todas as ressalvas que se possa ter em relação à ex-secretária de Estado, Hillary aparece como uma opção experiente e que caminha dentro da proposta de uma sociedade aberta e integrada, enquanto o concorrente propõe o fechamento de fronteiras e a construção de muros.

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