24 de abril de 2024

O risco do pensamento totalitário na Educação

educacao--1667343022Por definição, a escola, em todos os seus níveis de ensino, é um espaço de apreensão de conhecimento. Esse é um valor absoluto, que não pode ser relativizado por imposições ideológicas de qualquer matiz. Aprender pressupõe acesso à informação, lidar com o contraditório, abrir a mente — implica, por isso, contornar caminhos que submetam o aprendizado ao simplismo de valores que consagrem o totalitarismo, à esquerda ou à direita.

Infelizmente, o debate no país sobre conteúdos, ensino, papel dos professores na sala de aula tem se dobrado, em geral, a indigências ideológicas que reduzem a busca por uma escola dinâmica, como espaço de livre pensar e formador de uma cultura esclarecedora, a discussões sem sentido.

De um lado, pratica-se a ideia de que a educação é mero pretexto para o professor doutrinar o aluno, apresentando-lhe a sua compreensão ideológica de “esquerda” como verdade inquestionável. Nesse nicho, relativizam-se valores como a democracia e o respeito ao contraditório, substituindo-os, no relacionamento com os alunos, por clichês que nada acrescentam ao desenvolvimento cultural de quem tem a curiosidade do saber.

O reverso não escapa à indigência ideológica e educacional. Defende-se, até por meio de um projeto de lei no Congresso, uma prática nas salas de aula que, sob o disfarce de combater a doutrinação de “esquerda”, conduz à semelhante obtusidade intelectual, com sinal invertido. Tenta-se, por exemplo, proibir o professor de abordar determinados temas e autores, e mesmo tolher a explicação de ideologias, negando-se ao estudante o acesso a conhecimentos gerais — logo, ao princípio democrático de lhe assegurar o direito de formar a própria opinião. Da disciplina de História, no sentido amplo, não há como extirpar referências a Marx, a Adam Smith, ao comunismo e ao capitalismo, ao autoritarismo em todas suas matizes, à democracia e a liberdades republicanas.

São, ambas as correntes, matizes que nada têm a ver com uma educação livre de contaminações ideológicas. Por se distanciar do princípio de que a formação cultural não pode ser imposta — ao contrário, precisa ser o mais ampla e aberta possível — a doutrinação à esquerda ou à direita conduz, ainda que por caminhos distintos, à mesma preocupante linha que aproxima a escola do pensamento totalitário.

Por perniciosas, as duas têm de ser combatidas, criticadas, evitadas em todos os níveis do ensino. Nominadamente: a “educação” que impõe como verdade modelos de sociedade que agridem o respeito à democracia, ou a corrente que defende um índex nas escolas — esta, aliás, em perigosa expansão no país, alinhada com posições francamente retrógradas, e inquietantemente operosa a partir de bases no Legislativo.

Proselitismo político e catequese não combinam com pensamento livre. O conhecimento, o ensino e uma cultura rica não podem ser condicionados por uma falsa educação cujos valores sejam impostos, em lugar de discutidos.

 

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