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Os 70 anos de “A Geografia da Fome”

Por Brasil de Fato

Eu vou fazer uma embolada

um samba, um maracatu

tudo bem envenenado

bom pra mim e bom pra tu

pra a gente sair da lama

e enfrentar os urubus

– Chico Science

“Políticas de combate à fome resultaram em melhorias concretas na vida de milhões de brasileiros nos últimos anos”. / Arquivo Pessoal

O livro A Geografia da Fome, do médico e geógrafo pernambucano Josué de Castro, completa 70 anos. Lançado em 1946, o livro faz um diagnóstico das causas e consequências da fome no Brasil. Sua obra influenciou diversos estudos sobre a fome, políticas de combate à miséria e o tornou conhecido internacionalmente.

Josué de Castro nasceu na cidade do Recife no ano de 1908. Cursou medicina na Bahia e concluiu o curso no Rio de Janeiro aos 21 anos. Formado, volta para o Recife e exerce o seu ofício de médico. Trabalhando com operários de uma fábrica, percebe que o grande problema por trás das doenças daqueles trabalhadores era o mesmo: a fome. A partir dessa constatação e das lembranças da infância vivida nas margens do Capibaribe, onde mocambos se erguiam como as raízes dos manguezais, Josué de Castro decide dedicar-se a compreender o fenômeno da fome.

Sua grande obra, A Geografia da Fome, revela o óbvio que tentava ser mascarado. O autor realiza um estudo sobre os fatores que geram o problema da fome numa escala global e traz fatores específicos do fenômeno em grandes regiões brasileiras, caracterizando os hábitos alimentares e a fome em cada uma delas. Fome como uma questão econômica, social, política, ambiental e de saúde pública. A fome como um problema estrutural.

Políticas de combate à fome resultaram em melhorias concretas na vida de milhões de brasileiros nos últimos anos. No entanto, o governo golpista de Michel Temer já ameaça essas políticas. Chico Science já alertava: “Josué eu nunca vi tamanha desgraça, quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça”. E a única maneira de evitar essa ameaça é combatermos nas ruas esse golpe, fortalecendo a unidade entre os movimentos sociais, sindicais, feministas, lgbts e juventude. Somente com o povo organizado podemos lutar por reformas estruturais e por um Projeto Popular para o Brasil, as bandeiras pelas quais Josué de Castro lutou durante toda sua vida.

– Marcones Oliveira, bacharel em geografia e militante da Consulta Popular em Pernambuco

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