MANAUS – O desemprego subiu no Amazonas no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desemprego atingiu 238 mil pessoas em todo o Estado, apresentando um crescimento de 49% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a população desempregada ou desocupada era de 160 mil amazonenses.
No primeiro trimestre deste ano, o resultado apontou que 221 mil pessoas estavam sem emprego. De acordo com o presidente da assembleia geral da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bicharra, o nosso Estado sofre duplamente com a crise. Ele explica que, quando a indústria demite, o comércio sente de imediato.
“O resultado mostra que a região Norte foi uma das mais prejudicadas, principalmente o Amazonas, porque sofre duplamente com as atividades do comércio e Polo Industrial. O índice mostra que mesmo com contratações acanhadas, houve mais demissões e as mulheres são as mais prejudicadas com isso”, avalia.
Em 2016, aproximadamente 1800 empresas fecharam as portas no Amazonas. Segundo Bicharra, após a queda livre da confiabilidade do empresário e investidor na economia brasileira, a expectativa é que o cenário econômico melhore nos próximos meses.
“Para uma real estabilidade será necessário muito sacrifício e sabemos que não será de uma hora para outra. Na nossa avaliação essa foi a pior crise do país, mas estamos acreditando que a nova equipe econômica deva fortalecer a credibilidade e assim voltar os investimentos dos grandes empresários e consequentemente a confiança do consumidor”, afirma o presidente da assembleia geral da ACA.
Os dados mostram ainda que o comércio foi a atividade que mais incrementou mão de obra com 22 mil pessoas. Na avalição do representante, em comparação com os anos de 2014 e 2015, o número de contratações foi menor. Em seguida vem o setor de alojamento e alimentação com 19 mil. Já entre os que mais reduziram está construção (-12 mil) e outros serviços (-11 mil).
Ocupação
Segundo dados do IBGE, embora o número de pessoas ocupadas tenha crescido 2,9% ou 44 mil pessoas, a entrada de pessoas na força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) cresceu 3,6%, representando um crescimento de 60 mil pessoas. Com isso, o número de pessoas na força de trabalho alcançou 1.803.000 em todo Estado. Já as pessoas ocupadas ficaram em 1.565.000. A diferença de 238.000 é o número de pessoas desocupadas no segundo trimestre de 2016.
O índice da população ocupada estimada em 1.565 mil pessoas, apresentou variação de 2,9%, representando 44 mil pessoas em relação ao trimestre anterior e, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior a variação foi de 2,5% ou 37 mil pessoas. Já a população desocupada estimada em 238 mil pessoas, aumentou em 79 mil pessoas, com isso 49,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação ao trimestre anterior, o aumento foi de 7,6%.
Houve um aumento de 26 mil postos de trabalhos para as pessoas que trabalhavam sem receber durante pelo menos uma hora na semana em ajuda a algum membro da família. Já os empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada foi o segundo grupo que mais teve incremento nessa condição, eles cresceram 18 mil pessoas em ralação o trimestre anterior (11%).
No segundo trimestre, o grupo dos trabalhadores domésticos teve redução de -4,3%, ou seja, -3 mil pessoas. Já a conta própria caíram -1,6% (9 mil trabalhadores). Referente aos rendimentos reais habituais, todos os trabalhos tiveram uma variação de 3,8% em relação ao mês anterior, passando de R$2.258,00 para 2.344,00, um incremento de R$ 86,00 de um trimestre para o outro.
Manaus e Região Metropolitana
Em relação a Região Metropolitana de Manaus (RMM), a taxa de desocupação no segundo trimestre foi de 16,2%, o que representou um aumento de 0,6 pontos em relação ao trimestre anterior. Com isso, o número de pessoas desocupadas na RMM foi de 198.000.
Desemprego sobe em todos os Estados no 2º trimestre
A taxa de desemprego cresceu em todas as unidades federativas brasileiras no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2015. Em 18 Estados e no Distrito Federal, a marca já supera 10%. Em igual intervalo do ano passado, somente quatro tinham ultrapassado esse patamar, segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (17).
Os números são da Pnad Contínua, pesquisa de emprego do instituto, com dados regionalizados para o intervalo de abril a junho. A taxa de desemprego geral do país para o segundo trimestre, de 11,3%, já havia sido divulgada.
No primeiro trimestre deste ano, 17 Estados e o Distrito Federal já tinham taxa de desemprego superior a 10%. Na passagem para o segundo trimestre, o Acre se juntou à lista.
Estados
Amapá (15,8%), Bahia (15,4%), Pernambuco (14%), Alagoas (13,9%) e Rio Grande do Norte (13,5%) tiveram as maiores taxas do Brasil. Na ponta contrária, Santa Catarina (6,7%), Mato Grosso do Sul (7%), Rondônia (7,8%), Roraima (8%) e Paraná (8,2%) registraram as menores.
Em São Paulo, a desocupação subiu de 9% para 12,2% entre os segundos trimestres de 2015 e 2016. No Rio de Janeiro, o aumento foi maior, de 7,2% para 11,4%. São Paulo encerrou o trimestre com 2,961 milhões de desocupados, com alta de 2,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. No intervalo de um ano, o número cresceu 40,1%. O Estado fechou o segundo trimestre com 21,355 milhões de pessoas ocupadas, com queda de 0,2% na comparação com o mesmo período de 2015 e alta de 0,6% ante o primeiro trimestre.
Já no Rio de Janeiro, o número de desocupados atingiu 931 mil no segundo trimestre, com crescimento de 61,1% ante o mesmo intervalo do ano passado e alta de 14,5% frente aos três primeiros meses do ano.
A população ocupada no Estado chegou a 7,249 milhões, com queda de 2,7% ante o segundo trimestre de 2015 e recuo de 0,8% % ante o primeiro trimestre deste ano.
Regiões
As cinco regiões do país viram crescimento no desemprego na comparação entre os segundos trimestres. A piora foi mais acentuada no Sudeste, cuja taxa média passou de 8,3% para 11,7% -portanto acima da média nacional (11,3%). No Nordeste, chegou a 13,2%. Centro-Oeste (9,7%), Sul (8%) e Norte (11,2%) tiveram média abaixo da observada no Brasil.
Rendimento real
O maior rendimento médio real dos trabalhadores foi registrado no Distrito Federal (R$ 3.679), seguido por São Paulo (R$ 2.538) e Rio de Janeiro (R$ 2.287). A média do país foi de R$ 1.972. Já os menores rendimentos foram contabilizados no Maranhão (R$ 1.072), na Bahia (R$ 1.285) e no Ceará (R$1.296).
IBGE destaca crescente desocupação entre 40 e 59 anos
A taxa de desocupação das pessoas entre 40 e 59 anos aumentou 43,2%, o equivalente a 1,9 pontos porcentuais (pp), entre o segundo trimestre de 2015 e o segundo trimestre de 2016. Essa alta pode ajudar a explicar o crescimento do desemprego também em grupos de faixas etárias diferentes. A análise foi feita pelo coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, durante a divulgação dos dados da Pnad Contínua.
Segundo a explicação de Azeredo, o grupo de pessoas entre 40 e 59 anos abriga chefes de famílias que, ao perderem o emprego, impulsionam outros membros da família a buscarem trabalho. “Quando o pai perde o emprego, ele carrega parte dessa família para a taxa de desocupação”, afirma.
Simultaneamente, a taxa de desocupação entre pessoas de 14 a 17 anos cresceu 58,6% (14,3 pp) na comparação anual, o que pode exemplificar essa relação. Entre jovens de 18 a 24 anos, a taxa aumentou 31,7%. A alta pode estar associada às dificuldades dos jovens e recém-formados de entrarem no mercado de trabalho.
“Essa população tem dificuldade de se inserir por barreiras como falta de experiência, de qualificação, de informação. Em um momento recessivo os primeiros a serem preteridos são os jovens. Vai se priorizar os mais qualificados e experientes”, afirma Azeredo.