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PT e Dilma têm agendas distintas

Por Por Política Brasileira

Brazil's President Dilma Rousseff (L) and former president Luiz Inacio Lula da Silva attend the appointment of Lula da Silva as chief of staff, at Planalto palace in Brasilia, Brazil, March 17, 2016. REUTERS/Adriano Machado

A presidente afastada Dilma Rousseff decidiu divulgar carta defendendo a realização de um plebiscito sobre a antecipação das eleições. Manifestação do presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificando a iniciativa de inviável, sinaliza que Dilma e seu partido trabalham com agendas distintas.

A proposta, além de não ser bem recebida pelo PT, não convenceu os senadores que votarão o julgamento final do impeachment da presidente afastada. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, afirmou que “na democracia, a melhor saída é sempre a constitucional. Plebiscitos e novas eleições não estão previstos na Constituição. Isso não é bom”.

A bandeira de novas eleições e a decisão de Dilma Rousseff de comparecer ao Senado no julgamento final do impeachment para fazer sua defesa parecem iniciativas destinadas a marcar posição e divulgar sua mensagem, sem relação com os planos do PT.

A preocupação principal do PT deixou de ser Dilma. A prioridade petista é “salvar” o ex-presidente Lula, cada vez mais cercado pela Operação-Lava Jato e pelo juiz Sergio Moro.

A estratégia do PT é “politizar” as investigações envolvendo o escândalo na Petrobras. Isso explica a decisão do partido de divulgar uma cartilha intitulada “A caçada judicial ao ex-presidente Lula”, que circulará pelo país e no exterior. O documento foi vertido para quatro línguas.

Essa não é a primeira vez que o PT e Lula, cada vez mais desgastados no país, buscam apoio lá fora. Ocorreu também durante o processo de impeachment contra Dilma.

Ao tentar “salvar” Lula e se “afastar” de Dilma, o PT pensa em seu futuro. Mesmo com desgaste, Lula preserva capital político entre o eleitorado nordestino, de baixa renda e habitante dos pequenos municípios, capaz de levá-lo ao segundo turno na eleição presidencial de 2018, mesmo com grandes chances de derrota.

Ao optar por Lula, o partido visa se dissociar de Dilma e tenta preservar o que restou do legado social do lulismo com o objetivo de buscar a reconstrução da imagem do PT.

Ao que parece, se Lula sobreviver à Lava-Jato, a agenda de futuro do PT passará necessariamente pelo ex-presidente, pois não há outra liderança no partido com peso político igual ao seu.

A partir de agora, o desafio do PT será reaprender a fazer oposição e construir um discurso. A tese do golpe contra Dilma e a defesa da presidente afastada, cada vez mais abandonada à própria sorte, restarão como parte de um passado a ser esquecido.

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