Num longo jantar no Palácio do Jaburu, a cúpula tucana discutiu com o presidente em exercício Michel Temer o pós-impeachment.
Numa conversa franca, o presidente do PSDB, Aécio Neves, alertou que este não seria um mandato presidencial qualquer e que é preciso ter responsabilidade histórica neste momento.
Todos os tucanos presentes ressaltaram a necessidade do aprofundamento do ajuste fiscal. Além de Aécio, estavam o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima, e os senadores Tasso Jereissati, José Aníbal e o senador Ricardo Ferraço.
Ao lado de Temer, estavam o secretário-executivo do programa de parcerias Moreira Franco e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em sua fala, Temer reconheceu que fez concessões para poder governar, entre elas, o reajuste para vários setores do funcionalismo público.
“Se eu não tivesse concedido esses reajustes, eles teriam parado o Brasil. Além disso, eram contratos por escrito, assumidos no governo anterior”, justificou Temer.
Os presentes reconheceram, com preocupação, que há um avanço das pautas corporativas no Congresso. O ministro Eliseu Padilha foi além e alertou que se não for feito, neste momento, o ajuste, em 2025 o Brasil vai ter 100% de suas receitas com a dívida pública e a Previdência.
Saia-justa
Segundo relatos, houve momentos de saia-justa no jantar. Tucanos cobraram de Moreira Franco sobre declarações aos jornais em que pedia responsabilidade do PSDB para não desestabilizar o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O senador Cássio Cunha Lima alertou que, se ele não tivesse colocado um freio, tucanos e peemedebistas estariam brigando até agora pelos jornais.
Os tucanos também ressaltaram que Meirelles tem que cuidar da economia e que não deve tratar de política, já que, no entendimento do PSDB, essa não é a praia do ministro.
Os integrantes da sigla estão em alerta com a possibildade de Meirelles sair candidato à Presidência em 2018.
Num gesto de agrado ao PSDB, Temer reforçou que quando chamou Aloysio para a liderança do governo, queria dar o “rosto do PSDB no governo”.
Foi quando Aécio Neves acrescentou: “mais do que o rosto do PSDB, coloque a alma do partido no seu governo”.