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“Sabiam que estavam condenando uma inocente”, diz deputado em artigo de opinião

Por LÉO DE BRITO

Em 31 de agosto de 2016, mais um golpe se abate sobre a jovem democracia brasileira. Assim como Getúlio Vargas e João Goulart, em 1954 e 1964, a presidenta Dilma Rousseff foi tirada do poder a ela conferido pelo povo, de forma violenta. Desta feita, com a sutileza de um golpe parlamentar, seguindo um rito determinado pelo STF, mas com a ausência absoluta e cabalmente demonstrada de crime de responsabilidade.

De fato, aqueles que votaram por sua cassação odeiam ser chamados de golpistas. Mas, evidentemente, como confessou o senador Acyr Gurgacz (PDT-RO), sabiam que estavam condenando uma inocente, que não praticou crime. Sabiam que estavam usurpando o poder soberano do povo em eleger seu presidente. Como visto, o processo de impeachment transformou-se numa verdadeira eleição indireta. Vi um Michel Temer se postar nos plenários da Câmara e Senado com um panfleto do tipo “vote em mim para presidente, pelo amor de Deus!”.

No resultado final, um abrandamento. Dilma perde o cargo, mas não os direitos políticos. É como se os senadores – vários deles ex-ministros de Dilma – dessem dois votos. O primeiro, o voto da barganha. O segundo, o da vergonha. Algo do tipo um calmante pra tentar dormir com a consciência tranquila. Se a história haverá de absolver Dilma -como fez com Getúlio e Jango – não o fará com esses pobres senhores e senhoras desprovidos de caráter. A eles está reservado o lixo da história.

O golpe à democracia já foi dado. E sua reversão somente poderá se dar devolvendo ao povo brasileiro o direito de eleger diretamente seu presidente. Ademais, está aberto o festival de golpes. Redução do papel do Estado, engessamento dos gastos sociais, perda de direitos trabalhistas e previdenciários, ataque ao SUS, engavetamento do Plano Nacional de Educação, entrega do Pré-sal e um país de costas para as regiões Norte e Nordeste, para os pobres, mulheres, negros, índios e sem-terra. Tudo sustentado por uma grande máquina de repressão autoritária àqueles que ousarem resistir. Assim, o novo presidente poderá pagar a fatura às elites empresariais, internacionais e midiáticas que o conduziram ao poder.

Que venham os novos golpes. Estaremos novamente na resistência, lutando ao lado do povo brasileiro!

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