16 de abril de 2024

Os desafios de educar a distância

Sidinei Rossi

Sidinei Rossi

A educação é um fator essencial para a inclusão, a redução de desigualdades, e a liberdade, segundo Amartya Sem, escritor e economista indiano. Porém, apesar de ser uma condição necessária para o desenvolvimento do país, estamos ainda longe de termos uma política de ensino que garanta excelência e acesso. Nesse contexto, a educação a distância (EAD) é, sem sombra de dúvida, um vetor muito importante para viabilizar a ampliação da oferta, o acesso e a qualidade do conteúdo.

Não por acaso, o ensino a distância e a educação presencial cada vez mais se aproximam. Em algum tempo, não teremos mais a distinção entre as modalidades e sim, um aluno que terá a possibilidade de optar o que fará a distância e o que fará presencial. Ainda que presente, a percepção de que as modalidades em alguma medida se contrapõem é um equívoco. Ao contrário, em vez de antagônicas são sinérgicas, se complementam e se potencializam mutuamente.

É crescente a opção pelo EAD. Os preconceitos sobre a modalidade têm caído por terra. Os recursos tecnológicos mais contemporâneos têm mudado o conceito de encontro pessoal com o professor e possibilitado interações tão ricas na educação a distância quanto nos encontros presenciais. Em outras palavras, é plenamente possível ter uma boa formação sem o contato presencial com o educador, desde que a metodologia adotada pela instituição educacional seja adequada ao curso proposto.

A efetividade do processo de ensino-aprendizagem se estabelece a partir da atuação do docente e não da sua presença física. Isto é, sua atuação, nas diferentes funções e papeis, pode – sem prejuízo algum – salvo em casos e situações específicas, prescindir da presença física. O que não é possível é a simples transposição das estratégias, abordagens, instrumentos e programas utilizados no ensino presencial para o ensino a distância.

O EAD demanda um desenho dedicado e específico de toda a sua cadeia de serviço. A começar pela sua concepção dos projetos pedagógicos até suas estratégias e métodos de avaliação, considerando as tecnologias de comunicação e informação como meio e não como fim. Desse modo, não substituirão produtores de conteúdo, professores e tutores como elementos centrais dos processos de mediação.

Portanto, não há limite no uso de tecnologias para adquirir conhecimento, salvo raras exceções, nas quais se exige práticas muito específicas como, por exemplo, na área da saúde. Cada novo recurso tecnológico lançado (realidade virtual, realidade aumentada, entre outros) nos desafia a analisar e buscar sua aplicação na educação, o que tem contribuído muito para romper barreiras que até então pareciam intransponíveis para a educação a distância.

Todos esses fatores contribuem para que a modalidade ganhe a confiança dos brasileiros. Além de instituições tradicionais e já reconhecidas pela excelência de ensino, como o Senac, sua recente expansão no decorrer da última década teve como pioneiras algumas escolas pouco conhecidas em nível nacional e ocorreu – principalmente nos primeiros anos – sem um arcabouço regulatório específico. Este conjunto de situações ou condições determinou, em um primeiro momento, uma certa desconfiança – em casos específicos até fundamentada – quanto a efetividade da modalidade.

Em pouco tempo esse quadro se reverteu, em função dos seguintes fatores:

 

  1. Uma rápida curva de aprendizagem se estabeleceu, com o amadurecimento das tecnologias de informação e comunicação, a melhoria de qualidade no processo de produção de conteúdos e objetos de aprendizagem, a formação de corpo docente para a modalidade, a consolidação de abordagens pedagógicas e modelos de operação adequados;

 

  1. O Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE) passaram a regulamentar a modalidade, definindo as bases mínimas para a sua utilização pelas IES;

 

  1. Instituições de ensino tradicionais e reconhecidas em nível nacional e internacional passaram a ofertar cursos a distância ou, no caso do Senac, pioneira em ensino a distância no país, a oferta foi ampliada;

 

  1. Os primeiros egressos da graduação a distância obtiveram destaque nos exames de desempenho do MEC, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade)  obtendo resultados similares e, em muitos casos, melhores que os colegas de cursos congêneres presenciais;

 

  1. Universidades corporativas passaram a utilizar a educação a distância em seus programas de formação e capacitação, notadamente aquelas organizações muito capilarizadas e de grande abrangência territorial.

Em 2003, tínhamos 53 mil alunos em graduação no Brasil. Em 2014, pouco mais de uma década depois, tínhamos 1,3 milhão de alunos em graduação. Profissionais de RH comentam que encontram nos alunos oriundos de cursos a distância, competências desenvolvidas (foco, organização, disciplina, destreza com informática) que vão além daquelas que o curso se propõe a desenvolver. Dados e relatos como esses demonstram que os brasileiros confiam e investem cada vez mais na educação a distância.

*Sidinei Rossi é Gerente de Educação a Distância do Senac

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