19 de abril de 2024

As confissões de Gilberto Gil e Tony Bellotto

Gilberto Gil em ação no show “Ulysses 100 Anos” em Brasília: cantor revelou medo de ser abandonado pela esposa, Flora – André Coelho/06-10-2016

Encontrei-me com o cantor e compositor Gilberto Gil e notei que ele estava muito acabrunhado, ou, como gostava de dizer Tancredo Neves, abichornado. Problema de saúde é que não era, pois, como me disse, acabara de empurrar um carrinho de supermercado lotado de compras. Antes que eu lhe perguntasse, foi logo dizendo:

— Tive um sonho horrível esta noite: Flora me mandando ir embora de casa. Perguntei: “Por que, mãe (uma das formas com que Gil costuma chamar a mulher)? E ela: “Por nada, simplesmente cansei de um relacionamento de 35 anos”. Aquilo foi me apertando o coração e provocando uma dor imensa no meu peito. Achei que estava morrendo.

E prosseguiu:

— Só parou quando ela me acordou para me dar os remédios da manhã, e fui logo dizendo: Flora, sonhei que você estava me mandando embora. E ela: “Jamais! Fique tranquilo, pois nunca vou te abandonar. E se você me trocar por outra, irei junto só para cuidar de você”.

Mesmo assim, diante dessa feliz realidade, Gil disse que a dor continuou por mais meia hora e, olhando para o relógio que marcava, já então, duas da tarde, acrescentou:

— Até agora ainda estou sentindo uma angústia, uma ressaca moral desse sonho. Eu não saberia viver sem a Flora.

BELLOTTO VAI A PROGRAMA

Só que eu, ao ouvir esse relato, imediatamente, lembrei-me de já ter ouvido história semelhante, só não sabia de quem. No dia seguinte à confissão de Gil, eu tinha agendado uma entrevista com o guitarrista e escritor Tony Bellotto para o meu programa “Preto no branco’’, no Canal Brasil (domingo, às 21h30m). Ao vê-lo no estúdio, descobri logo que foi dele que ouvi dizer na televisão que tinha sonhos recorrentes de que estava sendo abandonado pela mulher, a atriz Malu Mader.

Eu não disse nada até começar a entrevista, que abri com estas palavras:

— Estou aqui para ouvir história. Mas vou inverter os papéis: vou te contar uma, que logo no início da minha narrativa você vai perceber o motivo que me leva a fazer isso.

E relatei-lhe a conversa que tivera com Gil para, em seguida, perguntar sobre o que passei a denominar de “Síndrome do Abandono’’. Bellotto não se fez de rogado:

— Foi ótimo você ter se lembrado dessa história. Eu me compadeço aqui do grande Gilberto Gil, sei o que ele sofreu, que esse sofrimento, às vezes, é maior do que esses sofrimentos reais, né? Essas dificuldades… até a doença que ele está enfrentando aí com muita força e bravura, mas, sim, essa dor aí é difícil. E é engraçado pois é um pesadelo recorrente mesmo, de muitos anos. Eu tenho, como você disse, uma relação duradoura com a Malu. A gente está junto há mais de 25 anos, e eu tenho isso desde antes do nosso primeiro filho nascer, que já está com 21. De vez em quando eu tenho esses sonhos terríveis, que é em alguma situação: ou ela está me deixando ou eu estou sentindo que ela não está mais interessada em mim, está se ligando em outra pessoa, ou está indo embora. Eu acordo realmente desesperado (risos). É um terror! E muita gente fala assim: “É… você não devia confessar isso, porque você revela uma fragilidade e tal”. Mas é uma coisa tão intensa que eu não consigo segurar.

E prossegue o guitarrista dos Titãs:

— Eu entendo… não sei se é o fato, sei lá, de ser romântico. Eu acho que o Gil é também, mas isso me incomoda mais do que vê-la beijando outros homens na televisão ou no cinema…

Surpreso com esta última revelação, pergunto ao romancista criador do detetive Bellini:

— Depois de tantos anos de casado, você ainda tem ciúmes do trabalho da sua mulher, que você já conheceu famosa?

E Bellotto:

— Não… Eu já tive mais. No começo foi difícil, eu tive que realmente me acostumar a isso, não que seja uma coisa agradável, né? Você pode até dizer que tem um fetiche aí, mas podendo evitar de ficar olhando com muito interesse, eu evito. Mas eu acompanho o trabalho dela e tenho que ver essas cenas. Eu fui aprendendo a lidar com isso.

No que ponderei:

— Até porque ela também já te conheceu famoso, poderia ter ciúmes das suas fãs.

E Bellotto, rápido na resposta:

— É… Mas eu não fico beijando as fãs. No máximo eu jogo uma paleta. Eu falo isso para ela: “não é a mesma coisa…’’

Depois de tudo isso, a única coisa que posso desejar é “bons sonhos” a esses dois astros da nossa música.

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