A Amazônia perdeu hoje um dos seus grandes desbravadores. Não falo daqueles que enfrentaram a floresta, fundaram vilas, povoados ou cidades. Falo da pessoa que que assumiu o desafio de integrar a região não por estradas, ferrovias ou aviões. Falo de Phelippe Daou, o pioneiro na tarefa de aproximar os amazônidas por meio da tecnologia da comunicação.
A missão do Bacharel em Direito e jornalista Phelipe Daou começou em Manaus, ainda em 1968, quando criou a empresa Amazonas Publicidade Ltda., junto com outros dois jornalistas, Milton Magalhães Cordeiro e Joaquim Margarido, também mortos este ano. A partir desse momento, a empreitada não parou mais: em 1970, veio a concessão da Rádio e TV do Amazonas. A Rádio entrou logo no ar e, dois anos depois, foram geradas as primeiras imagens da TV Amazonas, em Manaus, chegando depois a outros municípios do seu Estado.
Daí para ganhar a região foi um pulo: TV Rondônia, TV Amapá e TV Roraima. A nossa vez chegou em 1974, com a TV Acre. Até então, só tinha visto televisão no Acre quem viajara às grandes cidades do Sul e Sudeste. Lembro ainda da vizinhança se reunindo na casa de quem já tinha comprado uma TV. Naquela época, não tinha ainda transmissão via satélite, os programas chegavam por fitas: as novelas, os seriados, os filmes.
A nossa TV Acre já começou com programação local porque o Dr. Phelipe Daou sabia que as pessoas precisavam se reconhecer naquele veículo. Jornalista que era, criou o Jornal do Acre e programas esportivos.
Afiliada da Rede Globo, a Rede Amazônica é hoje o maior grupo de comunicação da Região Norte, sendo afiliada da Rede Globo. Tem cinco emissoras próprias, oito minigeradoras, mais de duzentas retransmissoras, mantém parceria com a rede americana CNN, uma sucursal em Brasília, centenas de rádios AM e FM, um canal de satélite, sites, enfim, uma rede de comunicação do porte da nossa região.
Não posso dizer que o Dr. Phelipe Daou, aos 87 anos, tinha dado sua missão nessa vida como cumprida. Para quem sempre correu atrás de desafios e missões até então impossíveis, tenho certeza de que ele ainda queria fazer muita coisa na sua busca incansável para os novos destinos da comunicação.
Descanse em paz, Dr. Phelipe Daou. Com certeza, Deus já recebeu o aviso que o senhor está chegando e reservou-lhe um lugar especial entre os bons.
Jorge Viana