O ex-presidente e fundador da Cooperativa de Trabalhadores Autônomos em Serviços Gerais (Coopserge), José Roberto de Araújo, fez uma análise do ano que passou e das expectativas de futuro para o setor de cooperativas de serviços. Devido a uma agenda de compromissos da presidente Ozanira Araújo, Roberto ficou encarregado de fazer a avaliação.
Roberto destacou ter sido um ano bem difícil por conta do momento político e econômico vivido por todo o país, o que levou a algumas correções de rumos e revisão de preços e salários para se adequar. Mesmo assim, ele disse terem sido atingidos 80% das metas para o ano, já tendo sido iniciado o planejamento para o próximo ano, quando a nova diretoria deve assumir já no mês de março. Veja a seguir os principais pontos da entrevista:
Ano difícil, mas com metas atingidas
Em 2016 conseguimos atingir 80% das metas para o ano. Tudo isso se deu por conta de um planejamento racional e, dentro disso, foi possível ter um percentual razoável de realizações. Por conta do momento vivido no país, nosso foco foi principalmente na manutenção dos postos de trabalho.
A nossa luta principal foi em manter e até ampliar nosso corpo de trabalhadores. Para isso, conseguimos manter os contratos junto à prefeitura de Rio Branco e Secretaria de Educação [SEE], os dois carros chefe da cooperativa e ainda ampliamos com os contratos em Epitaciolândia, e no Juruá. Nesta, 200 famílias agora estão com pessoas trabalhando. Teve ainda os contratos com as escolas rurais e da merenda escolar em Rio Branco. Tudo isso permitiu manter os postos de trabalho.
O que esperar de 2017
Para 2017 temos grandes expectativas, quando pretendermos pelo menos manter o poder de compra dos nossos associados nesse período de crise econômica. Em 2016 tivemos 90% dos nossos contratos renovados. Foi um ano em que olhamos muito a questão social e humanitárias dos nossos associados, pois a Coopserge foca muito na questão humanitária e a prestação de serviços para o associado. Os contratos que não foram renovados não eram de real interesse da cooperativa. Mesmo assim, estamos providenciando a realocação destas pessoas em outras para breve.
Um ano difícil
Se compararmos este ano como de 2015, nossas expectativas iniciais eram de melhoras, mas foi o contrário. Tivemos problemas de recebimento de contratos, o que levou a cortar despesas, reduzindo os gastos com benefícios para os associados, principalmente na área de saúde [convênios], mas mesmo diminuindo a quantidade mantivemos a qualidade. Conseguimos manter o auxílio funeral, o seguro de vida, as ajudas de custo, o serviço social com os enfermos e as grávidas, além do acompanhamento disso tudo junto ao INSS.
Adequação ao mercado
Neste ano tivemos mudanças nos preços dos serviços por conta da retração econômica. O mercado quer o BBB, bom, bonito e barato, e os nossos serviços são na atividade meio, limpeza, portaria, merenda. Isso levou os nossos preços ase adequaram à realidade de mercado e a uma redução.
Sabemos que os nossos profissionais merecem mais remuneração, pois são qualificados, mas neste momento tivemos de nos moldar à situação. Isso foi um reflexo do momento político e econômico e que exigiu uma resposta rápida. Por isso, preferimos recuar um pouco nos preços e na remuneração para manter as pessoas no trabalho, ao invés de apenas brigar pelo valor do contrato.
Fechamento do ano
Fazendo uma avaliação clara e realista, acho que nos saímos bem se consideramos o momento. A maior parte de nossas dívidas estão pagas e acreditamos que até meados de 2017 estaremos totalmente em dia. Esperamos manter a parcerias e continuar atuando de forma plena e humilde. Temos esperança para o próximo ano.
Sobras financeiras x perdas
Sobre a sobras financeiras, o que seria o lucro em uma empresa capitalista, a ser apresentada em março, entendemos que não deve ser tão positiva com em outros anos. Foram necessário investimentos para mantermos as atividades, como a unidade para atender a cidade de Cruzeiro do Sul. Houve também outros investimentos para atender aqui no Vale do Acre. Com tudo isso e administrando com seriedade, se não houver sobras financeiras, haverá o mínimo possível de perdas, quando o associado não vai precisar contribuir muito para a manutenção da Coopserge.
Nível de satisfação dos cooperados
A diretoria da Coopserge gostaria que 100% dos nossos cooperados estivessem totalmente satisfeitos. Mas sabemos ser isso algo impossível. Mas, em uma Assembleia Geral realizada em 17 de dezembro, com quase mil associados, estes se manifestaram positivamente. Entendemos que pode ter havido falhas, mas estas foram poucas. A equipe lutou muito e bravamente, fazendo o possível dentro do seu alcance. Uma coisa posso afirmar: não faltou espírito de luta na defesa dos cooperados. Por isso estamos um tanto tranquilos.
Gestão boa dentro do possível
Analisando o desempenho da gestão, acredito que se consolidou como sensível e ousada, realizando principalmente trabalhos na parte externa da cooperativa. Hoje temos uma visão melhor externamente. Em uma nota de 0 a 10, merecem um 8. Mas entendo que precisamos melhorar a formação e qualificação interna e isso vai ser atendido pela próxima gestão. Temos em nosso corpo de associados pessoas qualificadas, mas existem ainda alguns jovens que ainda estão se moldando ao mercado. Mas no geral estamos satisfeitos com os resultados.
Prêmio Qualidade Brasil 2016
Para nós, essa premiação tem uma significação muito grande, pois foi a primeira vez em 16 anos que recebemos um reconhecimento de tamanha importância. Esse é um prêmio é entregue desde 1977 para as empresas com destaque na Gestão de Qualidade e resultado final junto ao mercado consumidor. É um orgulho para nós em momento de tanta luta e dificuldades.
Os problemas detectados
As falhas sempre existem, pois nada é perfeito com tantas variáveis envolvidas. Entendemos porém ser preciso sempre procurar fazer tudo de forma transparente e trazer o sócio para atuar também dentro da cooperativa. É preciso sempre preparar o associado para a questão do “pertencimento”, na qual a pessoa tem o prazer de fazer parte de [pertencer] a uma sociedade, um lugar onde ele tem voz e voto, não sendo apenas um mero trabalhador. Isso é algo que sempre temos de trabalhar sempre e mudar a visão do individualismo para o coletivo.
Aumentar o trabalho social
Uma coisa que precisamos fazer mais é investir mais em eventos, pois nosso trabalhador é carente em lazer e divertimento. Para isso vamos já trabalhar em um planejamento para maior nesta área social. Precisamos dosar as ações tanto na parte externa, com os contratantes e nas licitações, quanto na parte interna, para os associados, que são o nosso objetivo.
Ampliar os horizontes
Entendemos que a nossa participação não pode ficar somente no setor público e também focar um pouco mais no setor privado, como condomínios, academias, concessionárias. Isso vai demandar sempre focar na qualificação dos associados. Outro ponto que podemos atuar é na criação de um supermercado para atender os cooperados.
Dever cumprido
Nosso sentimento é de realização neste fim de ano, ainda que tenhamos tido algumas perdas de cooperados, pois são pessoas com quem trabalhamos por muitos anos. Mas também tivemos o retorno de alguns que haviam saído e também novos associados. Terminamos o ano com todos os cooperados tendo recebido seus pagamentos. Também temos esperança de que no próximo ano eles vão poder contar novamente com a Coopserge. Isso é o mais importante, pois é o grande sentido da cooperativa, pois não só o trabalho, mas a certeza de todos os associados poderem contar com a Coopserge.
Sempre alerta e à serviço
O que depender de nós, membros da diretoria, estamos prontos para atuar. A cooperativa é do associado e o maior patrimônio é o cooperado, a quem agradecemos a cada um em especial que emprestou um pouco de sua vida para o engrandecimento da Coopserge.
Ozanira fala
Em entrevista recente, a presidente Ozanira Araújo disse que se continuar à frente da cooperativa pretende melhorar os serviços a cada dia: “Se ainda estiver à frente da cooperativa, queremos continuar nessa linha eficaz de trabalho e buscar ainda mais o reconhecimento interno e externo”.
“Em 2017 vamos continuar a investir em capacitação e preparação de nossos filiados, pois são eles o nosso maior tesouro e a nossa razão para todas estas lutas. Por conta disso, é preciso lembrar também que o prêmio recebido pertence a cada um dos sócios da Coopserge”, complementou.