22 de abril de 2024

Último pedido de Ferreira Gullar foi ‘me leva para Ipanema’

Em novembro deste ano, Ferreira Gullar recebeu a Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração pública da área da cultura (Foto: Divulgação)

Em novembro deste ano, Ferreira Gullar recebeu a Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração pública da área da cultura (Foto: Divulgação)

Em um momento em que o Brasil vive luto pelo acidente que vitimou a equipe da Chapecoense e jornalistas, é com grande pesar que o Ministério da Cultura (MinC) recebeu a notícia da morte do poeta, escritor e teatrólogo maranhense Ferreira Gullar, ocorrida neste domingo (4), aos 86 anos, no Rio de Janeiro. Gullar, que em novembro deste ano recebeu a Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração pública da área da cultura, era considerado um dos maiores autores brasileiros do século XX.

Gullar teve sua trajetória marcada por grandes contribuições ao desenvolvimento da cultura brasileira. Em 2002, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Em 2014, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 37. Também recebeu o Prêmio Molière, de teatro, e Saci, de cinema e teatro, o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Ficção, em 2007, e o Prêmio Camões, em 2010.
No início de sua carreira, Ferreira Gullar integrou o grupo literário da revista Ilha, que lançou o pós-modernismo no Maranhão. Depois, morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta, sendo considerado extremamente inovador e escrevendo seus textos em materiais como placas de madeira.
Em 1956, participou da exposição que foi considerada marco oficial do início da poesia concreta. Três anos depois, afastou-se dessa corrente e criou o neoconcretismo, que valorizava a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo.
No começo dos anos 60, rompeu com mais esse movimento por considerar que o neoconcretismo levava ao abandono entre palavra e poesia. Passou para uma produção engajada e envolvida com os Centros Populares de Cultura (CPCs).
Ferreira foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e terminou exilado pela ditadura. Na Argentina, escreveu uma das obras-primas da língua portuguesa, o Poema Sujo, que teve, entre seus entusiastas e divulgadores, o diplomata Vinicius de Moraes.
Ao saber da morte de Gullar, o presidente Michel Temer designou o ministro Roberto Freire seu representante no funeral do poeta. Gullar e Freire eram amigos de longa data, atuando lado a lado pela redemocratização do Brasil durante a ditadura militar e também pela valorização da cultura brasileira.
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