Quando você sente uma dor de dente, você tem dúvida sobre qual profissional deve procurar? Da mesma forma, quando sofre um acidente ou tem uma dor de cabeça que incomoda há vários dias, você hesita em procurar um médico?
Já quando o seu sofrimento é de ordem emocional, que possibilidades de atendimento vêm à sua mente? Já pensou em procurar um psicólogo? E, se pensou, que obstáculos te impediram de procurar essa ajuda?
A busca por uma psicoterapia ainda é rodeada por diversos preconceitos que geram conflitos para o sujeito que se vê diante de um sofrimento emocional.
O interessante é que, muitas vezes, nem nos damos conta de que estamos com um problema emocional até que o nosso corpo dê sinal. As doenças psicossomáticas estão aí para nos mostrar isso. Não olhar para os problemas não vai fazer com que eles deixem de existir, pelo contrário, a tendência é que eles passem a incomodar cada vez mais.
Vemos muitas pessoas irem de médico em médico, à procura de um problema orgânico que os exames físicos “teimam” em não apresentar. Vemos, também, muitas pessoas irem ao psiquiatra em busca de receita de remédios para dormir, de antidepressivos, porque não conseguem lidar com esse sofrimento de outra forma. E que forma seria essa? Olhando para ele, reconhecendo que ele existe e falando sobre ele.
Sofrimento, todos temos. Sofremos por amor, por falta de amor, porque queremos reconhecimento. Isso é próprio da condição humana e da vida em sociedade. Freud, em seu texto “O Mal-Estar na Civilização” (1930), vai dizer que o sofrimento que advém do nosso relacionamento com os outros, talvez, seja mais penoso do que qualquer outro.
O fato é que não estamos imunes ao sofrimento. Nada na vida pode nos garantir isso. Então, o que fazer? Como podemos lidar com esse sofrimento?
A psicoterapia é um dos recursos disponíveis para lidar com o sofrimento emocional, pois promove um lugar de escuta qualificada para esse sujeito que está sofrendo, que precisa falar de si, dos seus conflitos e dos seus sentimentos, a fim de elaborá-los e ressignificá-los.
O psicólogo, a partir da sua formação e da sua bagagem teórica, pode ajudar esse sujeito a olhar para o seu mundo interno e saber mais sobre si mesmo. Não há mágica no processo terapêutico, trata-se de um processo, que demanda tempo e muito trabalho.
E como Freud mesmo diz: “A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas”.
*Michela Melo D’Albuquerque Lima é psicóloga da Maris Clínica de Psicologia