Angelim traz ao Acre debate sobre “Geografia da Fome”, com Patrus Ananias

Josué de Castro, um grande cientista e político brasileiro, conhecido no mundo inteiro por sua obra, por sua militância política e por sua atuação na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Genebra, será tema de debate na próxima sexta-feira, 17, às 14h30, no teatro da UFAC. A palestra “Geografia da Fome, 70 anos depois” será ministrada pelo deputado federal, Patrus Ananias (PT-AC) que virá a Rio Branco a convite do também deputado federal, Raimundo Angelim (PT-AC).

“O evento que estamos promovendo e para o qual estamos convidando toda a população, é mais uma iniciativa do mandato em debater temas de relevância na área social. Num momento em que o país discute tantos problemas negativos de violência, rebeliões, corrupção, delações, é preciso resgatarmos um pouco a história dos grandes brasileiros que honraram este país com exemplos para a humanidade, como é o caso de Josué de Castro”, justificou Angelim.

Deputado federal Raimundo Angelim /Foto: Assessoria

Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2004-2010) e do Desenvolvimento Agrário (2015-2016), atualmente, é deputado federal por Minas Gerais e um estudioso das obras de Josué de Castro. Na palestra irá reapresentar um reestudo sobre a obra “Geografia da Fome”, publicada em 1946.

Já no prefácio, Castro alertava seus leitores que o tema era um dos grandes tabus da civilização moderna. O livro ultrapassa a geografia médica, supera a nutrição clínica e transpõe a epidemiologia para falar também da fome de saber, de conhecimento e de liberdade, para dividir a humanidade entre “os que não comem e não dormem porque têm fome e os que comem, mas não dormem com medo dos que têm fome”. Em 1951 é publicado o livro “Geopolítica da Fome”, que trata do mesmo problema no âmbito Mundial. Verdadeiros sucessos editoriais, os dois livros foram traduzidos para 27 idiomas.

Ainda na década de 30, o jovem médico pernambucano Josué de Castro começou a trabalhar numa fábrica e começou suas pesquisas no Recife, onde elaborou o publicou o “Inquérito Sobre as Condições de Vida das Classes Operárias no Recife”, em 1932. Não se restringiu, portanto, a estudar a fisiologia da nutrição e passou a estudá-la no contexto sociopolítico, encarando-a como um problema social, para assim poder entendê-la e explicá-la. Já radicado no Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, passou atuar em vários movimentos de promoção da nutrição, com tal dedicação, que a história das políticas públicas na área de alimentação se confunde com a própria história de vida de Josué de Castro, com sua forte presença quando da criação das primeiras instituições públicas sobre a questão alimentar no país.

Em 1952 foi eleito presidente do Conselho Executivo da FAO e sua militância política o leva à Câmara dos Deputados em 1954 e à reeleição em 1958. Seu conhecimento científico, seu magnetismo pessoal e sua atuação política em defesa dos mais pobres fizeram de Josué de Castro um porta voz do terceiro mundo no cenário internacional, angariando a antipatia das grandes potências, especialmente Estados Unidos e Inglaterra. Após o golpe militar de 64 no Brasil, foi considerado inimigo do regime, teve seus direitos cassados e foi impedido de voltar ao Brasil, indo viver em Paris, onde lecionou na Sorbonne até sua morte, em 1973.

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