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Justiça aceita denúncia e Sérgio Cabral vira réu pela quarta vez

Por G1

Ex-governador Sérgio Cabral está preso desde novembro (Foto: Reprodução/TV Globo)

A Justiça Federal aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira (14) e tornou o ex-governador Sérgio Cabral Filho réu pela quarta vez em desdobramentos da força-tarefa da operação Lava Jato.

Só a denúncia remetida pelo MPF à 7ª Vara Federal aponta 184 crimes de lavagem de dinheiro cometidos por Cabral, segundo os investigadores. O ex-governador, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e outras nove pessoas são acusadas de lavar mais de R$ 39 milhões em 10 meses. A denúncia foi aceita integralmente, segundo a Justiça Federal.

Os documentos apresentados ao juiz Marcelo Bretas são resultantes das operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Lava Jato no Rio. Preso em Bangu, o ex-governador já responde a dois processos na 7ª Vara Federal do Rio e a um na 13ª Vara Federal de Curitiba, que tem o juiz Sérgio Moro como responsável. O mais recente deles tinha sido aberto na última sexta-feira (10).

As informações sobre a nova denúncia foram divulgadas pela assessoria de imprensa do MPF. Além de Cabral, também foram acusados por crimes de lavagem de dinheiro:

O MPF diz que os doleiros e irmãos Marcelo e Renato Chebar faziam parte da organização como operadores financeiros. A denúncia trata da lavagem de R$ 39.757.947,69 praticadas no Brasil.
Sérgio de Oliveira, Thiago de Aragão, Francisco de Assis e Álvaro Novis também foram denunciados por integrarem a organização criminosa que seria liderada pelo ex-governador.

Defesas
A defesa de Sérgio Cabral não vai se manifestar. Os advogados de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, disseram que ainda desconhecem os termos da denúncia e só vão se manifestar no processo.
A defesa de Carlos Miranda também não quis comentar a denúncia. A equipe de reportagem não conseguimos contato com os advogados dos outros acusados.

Cabral está preso desde novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute, também desdobrada da Lava Jato. Na segunda-feira, ele passou mal no Complexo Penitenciário de Gericinó e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Hamilton Agostinho de Castro Vieira, localizada no complexo. Após realização de exames, foi liberado e voltou à cela. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que Cabral passa bem.

Lava Jato no Rio
No texto divulgado nesta terça, procuradores fazem um balanço das investigações da Calicute e da Eficiência, que apuram a ocultação de R$ 317.874.876. Segundo os investigadores, esse montante foi dividido da seguinte forma:
R$ 39.757.947,69, guardados com os irmãos Chebar no Brasil

Segundo a denúncia desta terça, os irmãos Chebar recebiam dos demais suspeitos dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, “custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso”.

Os colaboradores entregaram ao MPF uma planilha de controle de caixa, que detalhava onde o dinheiro era utilizado. De 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, foram gastos R$ 39.757.947,69 – média de cerca R$ 4 milhões por mês.
De acordo com o procuradores, as provas reunidas nas operações Calicute e Eficiência comprovaram que a organização criminosa chefiada por Cabral promoveu a lavagem de ativos, no Brasil, por sete principais formas:

Segundo os procuradores da República Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Silva de Oliveira, Rodrigo Timóteo, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Jessé Ambrósio Junior e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia, “o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura destinada à movimentação e lavagem do dinheiro da propina”.

Propina de Eike
Na semana passada, os procuradores da Lava jato no Rio denunciaram o ex-governador Cabral, o empresário Eike Batista e mais sete pessoas por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Essa denúncia focou em dois pagamentos feitos por Eike ao grupo: um de US$ 16,5 milhões de propinas ao ex-governador Cabral e um depósito de R$ 1 milhão à conta do escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo.

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