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O “Bispo”: Delegado que tentou prender Juruna tomou café com Jarude dias antes em escritório político

Por JAIRO CARIOCA, DA CONTILNET

O delegado que tentou cumprir o mandado de prisão contra o vereador José Carlos Juruna (PSL) na manhã de quarta-feira (15), na Câmara Municipal de Rio Branco, Pedro Resende, tomou cafezinho dias antes no escritório político do vereador Jarude, que também é do PSL.

Segundo postagem feita na página de Facebook de Jarude, a autoridade policial teria ido ao seu escritório manifestar apoio contra a intervenção que o vereador vem sofrendo em seu partido, o PSL, com relação à indicação de liderança na Câmara Municipal e, consequentemente, a não participação na Comissão Especial de Investigação (CEI) do Transporte Público. Resende fez questão de posar para foto ao lado de Jarude.

Delegado Pedro Resende e vereador Emerson Jarude /Foto: Facebook

A Mesa Diretora de Rio Branco negou na última terça-feira (14) recurso impetrado pelo vereador Jarude, em que este pleiteava a liderança do PSL alegando que Juruna estava impedido de liderar a sigla por ser membro da mesa. Embora o documento tenha sido muito bem fundamentado, os membros da mesa decidiram por maioria absoluta manter a liderança conforme indicação do PSL, ou seja, para o vereador Juruna.

E nada tem acontecido por acaso. Os fatos levam a crer que, por trás de todo o debate em torno do aumento da passagem dos transportes coletivos, um grande jogo de Xadrez entre oposição e situação esteja acontecendo. Com a indicação de Juruna no lugar de Jarude para compor a CEI do Transporte Coletivo, a base da prefeitura passou a ter maioria na Comissão. Isso indica que, o município pode fazer a presidência e relatoria, além de ter poderes para decidir sobre quaisquer deliberações na organização da investigação e convocação de oitivas.

Após a derrota na indicação de Jarude, entrou em cena uma ação articulada entre o PMDB e a Rede, este último, partido de Marina Silva que tem como liderança na Capital o jovem advogado Gabriel Santos. Foi Gabriel quem cobrou cedinho, na última quarta-feira (15), o cumprimento do mandado de prisão contra Juruna.

Vale lembrar que na mexida de pedras no tabuleiro, os vereadores de oposição que foram indicados para CEI concordaram sem reclamar em adiar para o dia 23 de fevereiro, véspera de Carnaval, a eleição para escolha da presidência e relatoria da comissão.

Coincidência ou não, até o próximo dia 23, caso a defesa de Juruna não tenha êxitos no Habeas Corpus e embargos declaratórios interpostos na Justiça, ocorrerá vacância no cargo, exigindo que a Mesa Diretora indique Jarude como membro da CEI. Se confirmado esse cenário, a oposição passa a contar com a maioria absoluta na comissão.

Paralelo a isso, a Rede promete acionar a Comissão de Ética da Câmara Municipal para se manifestar o mais rápido possível sobre a suposta quebra de decoro parlamentar por parte de Juruna, condenado já em segunda instância por crimes de peculato e falsificação ideológica, entre outros delitos. Isso implicaria na perda do cargo de vereador.

Tudo isso ocorre em função da possibilidade de investigação nos contratos e aditivos firmados entre o município e as empresas de transportes coletivos de Rio Branco. A prisão do vereador Juruna acabou tirando de foco o protocolo de um novo projeto de lei enviado pelo município, no qual a prefeitura mudou de ideia e resolveu subsidiar as tarifas cheias e estudantil.

Rolam ainda na Justiça ações das empresas de transportes coletivos e dos vereadores de oposição junto com a Rede. De um lado, os empresários querem a todo custo tirar da Câmara Municipal o poder de referendar ou não o valor da tarifa, do outro vereadores querendo anular a deliberação do Conselho Tarifário, que aumentou para R$ 3,80 a tarifa cheia e 1,14 a passagem estudantil.

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