Opinião: Quanto vale uma vida?

Jornalista Nayara Lessa

Como mãe de dois filhos, como filha e comunicadora, não posso me calar diante da situação de violência sofrida pela minha família nos últimos anos.

Em janeiro deste ano minha irmã veio na minha casa às 15 horas para irmos ao Supermercado juntas. E quando voltamos, quando ela se dirigia pra sua casa, teve uma arma apontada na cabeça da sua filha de 2 anos. Em troca da vida dela e das minhas duas sobrinhas, ela teve que entregar seu celular, seu dinheiro e por pouco não levaram as compras dela também.

Um mês depois, às 6h30 da manhã, enquanto essa minha mesma irmã se dirigia ao seu trabalho, no ponto de ônibus, levaram novamente, seus pertences pessoais e de todos que estavam naquele local.

Há duas semanas um homem entrou na casa dessa minha mesma irmã, enquanto ela havia ido à esquina com suas duas crianças comer um sanduiche. Levaram o celular dela e todo o dinheiro que ela tinha em casa para passar o mês.

Há dois anos entraram na minha casa e levaram minha moto. Comprei outra, afinal, trabalhando e tendo que ir a Ufac todos os dias não poderia ficar sem transporte. Pedi adiantamento do meu 13º e sabe o que aconteceu em julho do ano passado? Levaram a segunda moto! Dessa vez do estacionamento do Terminal Urbano.

E hoje, enquanto muitas mulheres comemoravam o seu dia especial, no qual eu me incluo, exatamente no momento em que recebia uma homenagem muito especial no meu local de trabalho, minha mãe, uma senhora de 52 anos de idade, teve uma faca apontada em sua direção, onde exigiam em troca da vida de três crianças que estavam com ela, todos os seus pertencentes (celular, bolsa com material de aula, relógio, brinco e cordão). Sim, a violência em nosso Estado está sem controle. Pior de tudo é que duas das três crianças que estavam com a minha mãe eram as mesmas que já haviam tido uma arma apontada em sua direção há alguns meses atrás. Como ficam essas crianças?

Minha mãe foi a pé do Apolônio Sales até a Delegacia do bairro Xavier Maia para tentar fazer um Boletim de Ocorrência e de algum modo tentar comunicação comigo e sabe o que aconteceu quando ela chegou lá sem dinheiro, cansada, sem telefone e com três crianças? Que ela precisava se dirigir a Delegacia no bairro Cadeia Velha, por que lá sim, era o lugar adequado para esse tipo de ocorrência. Depois de horas e de muito choro, enfim foi feito o BO na tal delegacia. Antes disso, vizinhos e curiosos ligaram por várias vezes para o 190, porém ninguém veio atender.

Com todo o respeito que tenho pelo Governador do Acre, como pai de família, como esposo, como filho e como avó, como autoridade máxima desse Estado, peço política de segurança na cidade. Não deixe os bandidos invadirem tudo como estão fazendo. O que será que falta acontecer neste Estado ou com a minha família para que alguma providência seja tomada?

Eu, como grande parte da população acreana, não moro em um condomínio fechado, com cerca elétrica e câmeras de segurança. Por isso, todos os dias precisamos enfrentar essa realidade violenta, conviver com a insegurança. Por isso, escrevo para pedir leis mais severas, que os bandidos sejam pegos e paguem por suas atrocidades. Que pais, mães e filhos não tenham que sofrer ainda mais. Os órgãos responsáveis devem tomar providências. Tirem dinheiro dos políticos para investir em educação, trabalho e segurança. Diminuam seus salários, cortem suas ricas diárias, tirem o auxilio paletó, moradia e etc. Quando será feita a obrigação de casa, o que determina a Constituição Brasileira, aquilo que é dever do Estado. Afinal, para onde vão o dinheiro dos impostos?

Enfim, gostaria de hoje ter comemorado o dia internacional da mulher sorrindo, ao lado da grande mulher que me deu a vida, mas o que fiz foi chorar junto dela e agradecer porque ela saiu com vida, quando tantos morrem todos os dias. Para concluir eu pergunto: quanto vale uma vida no Estado do Acre? Um celular? Um salário mínimo? Uma bolsa? Um relógio? Que as autoridades deem a resposta. Eu aguardo.

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