A Educação transforma vidas. E o mais importante: quando todos podem ter acesso à Educação, essa transformação toma rumos mais surpreendentes, principalmente para as pessoas com deficiência de qualquer natureza.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2016 mais de 7 milhões de estudantes no Brasil se matricularam em cursos superiores. Destes, cerca de 33.377 matrículas foram de alunos com necessidades educativas especiais, um aumento de 518,66% em relação ao ano de 2014.
Entre os brasileiros que convivem com esta realidade, está o acreano Amiraldo Santo Paiva Júnior, de 37 anos, que além de contar com a conquista da graduação em Direito, pode contar com algo mais importante: o apoio incondicional do próprio pai, Amiraldo Santos Paiva, de 67 anos, que também conquistou, ao lado do filho, graduação no mesmo curso.
NOVA REALIDADE
2 de abril de 1999. Esta é uma data decisiva nas vidas de Amiraldo Santos Paiva e seu filho Júnior. Há 17 anos, quando concluiu o Ensino Médio e foi cursar Direito na cidade de Presidente Prudente (SP), Júnior sofreu um grave acidente automobilístico, que causou danos irreversíveis ao apresentar o quadro de tetraplegia.
Após 44 dias internado em Campo Grande, Júnior seguiu para tratamento e reabilitação na rede de hospitais SARAH, localizada em Brasília (DF). Inaugurada em 1980, a rede hospitalar é uma das referências nacionais no tratamento de lesões medulares e transtornos ortopédicos.
“Foi um choque para toda a família. Nós ficamos muito tristes no início, mas percebemos que o mais importante era que meu filho ainda estava vivo, que Deus, em sua infinita misericórdia, tinha dado uma nova chance para ele”, afirmou Amiraldo.
“Foi muito difícil no começo. Quando algo dessa magnitude atinge você, não existe tempo certo para recuperação, para retomar os seus planos. Quando sua realidade muda, você também precisa encontrar forças para mudar e seguir lutando”, explicou Júnior.
SONHANDO NOVAMENTE
Foi somente em 2011, 12 anos depois do acidente, que Júnior sentiu-se preparado para retomar seu sonho: concluir o curso de Direito. Prestou vestibular e, no mesmo ano, ingressou no curso desejado através da Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO).
“Desde o início, meu pai me acompanhava em todas as aulas. Sempre pude contar com ele para qualquer tipo de necessidade, e isso teve papel fundamental para minha permanência”, relatou.
O esforço do pai também foi reconhecido pela própria instituição, que ofereceu uma vaga no mesmo curso para Amiraldo. Assim, pai e filho se viram com uma chance única: estudar juntos e conseguir a mesma graduação. O sonho que antes era individual tornou-se compartilhado.
Amiraldo reconhece e agradece todo o apoio da faculdade: “Gratidão é a única palavra que define nosso sentimento. Mais instituições de ensino poderiam aprender com a FAAO sobre inclusão e apoio à realidade dos estudantes que almejam mais da vida”.
PLANOS PARA O FUTURO
Após tratamento, Júnior recuperou os movimentos parciais dos membros superiores, realiza cuidados fisioterapêuticos 1h por dia e, pelo menos uma vez ao ano, retorna a Brasília para realização de exames gerais.
Com a conquista da graduação e seu bem-estar sendo cuidado, Júnior planeja conquistar seu título da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e seguir carreira na área jurídica: “Sempre há uma luz no fim do túnel. Não importa a situação, nada é impossível se existe amor, perseverança e a vontade de viver”.