Rosana: “Jogo político e pressões de governistas não acabarão com a autonomia do Sinteac”

Em entrevista à ContilNet, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), Rosana Nascimento, esclarece a polêmica envolvendo “jogo político” encabeçado pelo Sindicato dos Professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre (SinproAcre).

O interesse maior por trás de toda essa manobra, segundo Rosana Nascimento, é acabar com a autonomia sindical e, claro, manter “refém” a maior e melhor organizada categoria do Acre: da Educação, que conta atualmente com 14 mil filiados, entre professores e demais servidores e um patrimônio de R$ 15 milhões.

Rosana Nascimento esclarece ainda que a briga travada entre os dois sindicatos será resolvida nos tribunais, onde já tramitam dois processos impetrados pelo Sinteac: um questionando a decisão do Ministério do Trabalho (MT) de tentar proibir o Sinteac de representar seus filiados, o que fugiria da competência do órgão. O outro envolvendo inquérito policial que investiga possível fraude na autenticidade de assinaturas constantes da Ata de Criação do SinproAcre.

Presidente do Sinteac, Rosana Nascimento /Foto: Reprodução

Confira a entrevista:

CONTILNET – Rosana Nascimento, procede a informação que o Sinteac está proibido de representar seus mais de 14 mil filiados?

ROSANA NASCIMENTO – A decisão do Ministério do Trabalho é ilegal e o Sinteac não se submeterá a ela, tampouco aceitaremos dividir a categoria, como determinou. A questão está sub judice e, até lá, o SinproAcre não pode afirmar que o Sinteac está proibido de representá-los, nem mesmo alegar que representa nossos professores.

Outro ponto a ser observado é que, para isso se tornar possível, faz-se necessário que os professores filiados ao Sinteac peçam desfiliação voluntariamente, o que não tem ocorrido e creio que não ocorrerá. Ao contrário, todos os dias temos novos filiados e, na última greve, mil professores que eram filiados ao SinproAcre procuraram o Sinteac para se filiar. A filiação é livre e o trabalhador não posse ser obrigado a se desfiliar.

CONTILNET –Que motivos estariam por trás dessa problemática? Você atribui os fatos à perseguição política e jogo de interesses?

ROSANA NASCIMENTO – Nossa representatividade tem crescido cada vez mais porque temos dois objetivos bem claros. O 1º é não ser atrelado ao governo e o 2º é fazer a defesa dos interesses da categoria. A categoria de professores da rede pública do Acre nunca externou qualquer vontade de romper com o Sinteac. Por isso, acredito que esse grupo [do SimproAcre] é cúmplice dos governistas que têm pressionado os professores e funcionários para se desfiliar com intuito de acabar com a autonomia do Sinteac.

Tenho me esforçado para ser aquela pessoa que busca garantir os direitos dos trabalhadores e isso tem incomodado muitos. Eles [governistas] me acusam de ter uma gestão ‘desiquilibrada’, mas os números mostram o contrário. Antes, o Sinteac possuía 8.516 filiados, agora temos 14 mil. Em cada município acreano temos uma sede. Firmamos novos convênios com supermercados, farmácias, laboratórios, clínicas médicas e expandimos as opções de consultas, exames e especialidades clínicas, sem contar os investimentos em atendimento odontológico ofertados aos nossos filiados e seus dependentes. Os professores e funcionários da Educação reconhecem o trabalho realizado pelo Sinteac

Sinteac tem encabeçado os maiores protestos em defesa dos trabalhadores da Educação no Acre /Foto: ContilNet

CONTILNET – Que tipo de interesses estão por trás dessa briga sindical?

ROSANA NASCIMENTO –  Ganhamos as eleições com expressiva votação e firmamos um compromisso com os trabalhadores no sentido de realizar uma gestão desvinculada do governo e de partidos. Depois que organizamos a maior greve da Educação, em que o governo saiu desmoralizado, isso gerou retaliação para o sindicato. Não iremos aceitar que façam qualquer conchavo ou negociatas com a pauta dos trabalhadores.

Querer impor uma representatividade sindical à revelia dos trabalhadores não me parece algo democrático. A criação do SinproAcre é mais a vontade de uns “dirigentes pelegos” que querem um sindicato para chamar de seu, sem verdadeiramente ouvir o clamor da categoria profissional.

CONTILNET – O que o Sinteac tem a esclarecer aos seus mais de 14 mil filiados?

ROSANA NASCIMENTO – Quero dizer aos professores e servidores da Educação do Acre que nosso sindicato continua existindo. A luta continua, os atendimentos aos trabalhadores continuam. O sindicato permanecerá aberto a serviço da categoria. Não aceitaremos essa determinação de alteração da base.

Informo que já entramos com a impugnação administrativa no MT, baseado nos graves indícios de fraude em todo o processo de criação do SinproAcre. Eles violaram a CLT e não cumpriram as próprias determinações do MT. O Estado, representado Ministério do Trabalho, não tem poder e atribuição de determinar a retirada da categoria dos professores do quadro de representatividade do Sinteac.

Asseguramos aos nossos filiados que nossas atividades continuam inalteradas, não iremos nos render a esse grupo que tem como objetivo enfraquecer a luta sindical e ter acesso ao dinheiro da categoria para interesses alheios aos trabalhadores da Educação.

Aproveito para alertar nossos filiados que fique atentos a qualquer tentativa de mobilização dos ‘inimigos dos trabalhadores’ sob a alegação de realizar assembleias para criação de novo sindicato. Outra coisa importante que deve ser esclarecida é que o ato de filiação a qualquer entidade é de escolha pessoal do servidor. Portanto, não se deixem intimidar com pressões por parte de gestores da Secretaria de Educação.

Eles [SinproAcre] são a extensão do governo e estão usando esse sindicato para atrapalhar e prejudicar os direitos dos trabalhadores em Educação, pois na hora da luta eles não aparecem na mesa de negociação. Não estarão em luta nenhuma pelos direito dos servidores.

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