As denúncias envolvendo o presidente Michel Temer, acusado de dar aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abalou dois pilares considerados fundamentais para a atividade econômica: a confiança de empresários e consumidores e a queda da taxa básica de juros.
Esta é a avaliação do ex-deputado Márcio Bittar, para quem, antes das denúncias, a expectativa era que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano avançaria 1 por cento. Os efeitos da crise e o que será decidido nas próximas semanas, a seu ver, são imprevisíveis.
No tocante à política, ele considera natural que alguns proponham, por causa do forte apelo popular, eleições diretas em todos os níveis.
“Os congressistas precisam dar exemplos. Fora da Constituição não existe solução. Qualquer outra saída pode ser um desastre ainda maior. Espero que homens e mulheres honrados tenham muito equilíbrio, sensatez e pensem no Brasil, analisando as décadas que virão pela frente. Que a economia seja preservada sem prejuízo da ação da Justiça”, disse.
Além da econômica mundial, Bittar aponta três causas fundamentais para o aprofundamento da crise política no Brasil. A primeira é a concepção gramsciana (Antônio Gramsci, filósofo alemão/1891 a 1937) de Estado, segundo a qual o partido deve ter hegemonia na sociedade, o que, segundo ele, põe os alicerces democráticos em risco. “Vejam o aparelhamento das instituições de ensino, do movimento social, entre outros, com o PT e o esquerdismo”, explicou Márcio Bittar.
A segunda causa, prosseguiu ele, é o sistema político-eleitoral brasileiro, que aceita doações de empresas que têm negócios com o poder público. “Isso não é doação ou apoio, mas investimentos”, enfatizou Bittar, propondo que o Brasil adote as mesmas regras do sistema político japonês, cujos doadores de campanha não mantêm relações políticos ou econômicas com o Estado.
E por último, ainda segundo o político, trata-se da “falha humana” ou crise moral.
“A prova disso é que atingiu políticos de todos os partidos. A Justiça está fazendo todos pagarem suas contas. É assim que tem que ser, embora eu não esteja alegre em ver conhecidos sendo pegos fazendo o que não imaginávamos”, concluiu Bittar, para quem o importante é o constante saneamento das relações políticos e econômicas.