Redução de 54% nos custos da empresa aponta para supostos ilícitos em gestões passadas. Somente com folha de pagamento a economia representa R$ 10 milhões ao ano
As revelações técnicas e o debate moldado por metodologia – por exigência de Edson Rigaud – diretor da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), podem levar o Ministério Público Estadual (MPAC) a descobrir um suposto festival de irregularidades cometidas em gestões passadas da principal estatal da prefeitura de Rio Branco.
O que Rigaud chamou de “armadilha microfinanceira” aponta para uma operação que inviabilizaria a estatal caso o prefeito Marcus Alexandre, do PT, não tivesse interferido na gestão de Jackson Marinheiro, preso em setembro de 2016 e denunciado em março deste ano por ter supostamente praticado crime de peculato.
Embora tenha pedido para não falar de nomes, mas de metodologia, Rigaud demonstrou para os vereadores da Câmara Municipal, através slides, como reduziu despesas que desequilibravam a estatal. Uma delas, a contratação de máquinas. “Através de licitação conseguimos locar uma máquina de rolo compressor pelo valor de R$ 10 mil. Essa mesma operação, anteriormente, pagava R$ 25 mil. O metro cúbico de brita contratado no passado por R$ 200, foi contratado na nossa gestão por R$ 120. Estamos estabelecendo uma nova relação de preços” disse o diretor.
Entre janeiro e setembro de 2016, quando Jackson Marinheiro estava à frente da empresa, o gasto com combustível atingiu a casa dos R$ 35 mil, esse valor foi reduzido para R$ 16 mil, “uma economia de 54%”. O volume de combustível contratado pela empresa é uma das principais linha de investigação do Ministério Público Estadual. Rigaud que pregou discurso técnico e menos político, negou que foi à Câmara Municipal com o objetivo de blindar Jackson Marinheiro. “Quem vai dizer se ocorreu ilícito ou não é a Justiça” acrescentou o diretor.
Somente com dívidas, Rigaud afirma que já pagou R$ 10 milhões. O diretor afirmou que o clima era de total desconfiança, o que prejudicava a atuação da Emurb, admitiu que a redução de gastos diminuiu a atuação das frentes de serviços, mas aumentou a eficiência. “Saímos do custo médio de R$ 4 milhões para R$ 1,9 milhão, lógico que a operação ficou menor, mas nosso objetivo é não ampliar dívidas” relatou.
Indagado sobre a investigação do Ministério Público Estadual, o diretor disse que a empresa revelava um problema de gestão e desequilíbrio fiscal grande. Com relação ao balanço publicado no Diário Oficial, Rigaud disse que após a Operação Midas a empresa ficou em evidência. “Não estou dizendo que a gestão do Jackson Marinheiro foi boa, não tenho condições de afirmar a existência de atos ilícitos. Estou afirmando que a despesa está mais eficiente. Tem gestor que rouba, a operação midas não errou” concluiu.
O outro lado:
Em carta lida na terça-feira pelo vereador Rodrigo Forneck (PT), Marinheiro alegou cerceamento de defesa e prometeu abrir a boca em juízo, caso o seu processo seja judicializado.