Ao som da banda Coração do Acre e do cantor Diogo Soares, a Casa de Chico Mendes foi reaberta à população nesta terça-feira, 27, em Xapuri. O espaço passou por reforma e restauração, em um investimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), orçado no valor de R$ 118 mil.
O evento contou com participação de representantes do governo, da prefeitura local, parlamentares e do presidente substituto do órgão federal, Andrey Rosenthal, que ressaltou a importância da casa não só para o Acre, mas para o mundo.
“É um privilégio para nós estarmos entregando esse espaço ao povo acreano. No Brasil, temos 1.200 espaços tombados, e a Casa de Chico Mendes é uma delas, sendo que está em lugar de destaque por representar uma luta de resistência histórica”, diz.
A presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Karla Martins, aproveitou a ocasião para contar uma fábula que Chico compartilhou com o contador de histórias Gregório Filho, durante uma assembleia sindical, sobre resistência. Além disso, destacou que a casa é um símbolo importante para a luta de homens e mulheres do mundo inteiro, que acreditam em uma sociedade transparente.
“Esse é um momento importante e muito simbólico, pois é lembrar da memória do Chico como uma memória importante, como homem que deixou para nós um enorme legado de força, de crença, luta, união e de coletividade tão necessários para os dias de hoje”, relata.
Para a secretária de Turismo e Lazer, Rachel Moreira, no ato representando o governador Tião Viana, alguns dos grandes avanços do Acre existem graças à luta de Chico Mendes.
“Hoje, termos exemplos como escola de segundo grau dentro da floresta, Xapuri se tornando um polo da cultura da mandioca, áreas degradadas servindo para avançar na economia, além do avanço da classe média rural, com trabalhadores cuidando da piscicultura, integrando várias ações dentro das suas comunidades, existem pois Chico e seus ideias inspiraram jovens a lutar pela nossa sociedade”, ressalta.
As mudanças
Entre as mudanças, estão a readequação do solo, caso uma nova enchente atinja o espaço, além do reforço estrutural nos pilares da casa, amarrações nas junções da estrutura, enxerto ou troca de madeiras – sendo que somente a parede onde estão as marcas do sangue de Chico foram mantidas. As telhas também foram limpas e recolocadas no lugar, uma nova cerca foi construída e as paredes foram pintadas.
O projeto foi contratado pelo Iphan em 2014, porém, o início da reforma foi adiada devido à enchente histórica de 2015. O órgão ainda realizou um minucioso estudo preliminar sobre o histórico e a conservação da casa, além do mapeamento de danos.
Assim como a estrutura, todo o acervo do local também é tombado. Os objetos pertencentes ao grande líder seringueiro foram retirados do imóvel antes da cheia atingir a casa e, até então, estão sob responsabilidade da FEM.