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Na surdina, Governo Temer estuda liberar até 42 mil hectares para garimpo no Juruá

Por LEANDRO ALTHEMAN/JURUÁ EM TEMPO

Nesta semana, a população do Juruá foi surpreendida com a notícia de que as olarias e areais da região estariam impedidos de explorar por conta de um requerimento de garimpo de uma cooperativa de Pontes e Lacerda-MT.

A princípio, as primeiras informações não deixavam claro se o garimpo referia-se à exploração de que minério: Ouro? Prata? Ou apenas areia e barro?

Garimpo abandonado em Pontes e Lacerda: devastação e problema de segurança pública

Aos poucos, o que antes estava nebuloso, começa a ser clareado, desenhando uma perspectiva nada animadora para a população do Juruá.

De posse do dossiê colhido pela empresária do setor de cerâmica Janaína Terças junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral- DNPM, podemos agora ter a confirmação de que o pedido de exploração trata-se de mineração de ouro. O pedido foi feito no apagar das luzes do dia 14 de dezembro de 2016, e somente a população tomou conhecimento, porque, com esta solicitação, foram impedidos de extrair barro e areia nas áreas solicitadas.

Tratam-se na verdade de cinco diferentes pedidos, todos feitos pela Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Pontes e Lacerda, no norte do Mato Grosso. As áreas solicitadas estão em Cruzeiro do Sul (7.904,98 hectares), duas áreas em Rodrigues Alves (9603,37 ha e 9,170,47 ha) e duas em Mâncio Lima (8.155,23 ha e 7.783,73 hectares). Um total aproximado de 42 mil hectares.

Rios Moa, Japiim e Igarapé Preto ameaçadosAs áreas solicitadas para exploração abrangem alguns dos cenários mais importantes da região, como parte dos rios Moa e Japiim, por exemplo. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, parte da área requerida está na região da Boca da Alemanha e toda região formadora do Igarapé Preto.

Igarapé Preto, bem como Moa e Japiim podem ser ameaçados pela atividade mineradora

De imediato, a requisição de lavra dos garimpeiros de Ponte e Lacerda já conseguiu paralisar parcialmente a atividade das olarias e areais instalados na região. Caso venha a ser concedida a lavra, até mesmo para uma terraplanagem nestas áreas será necessária a autorização da cooperativa.

Dinheiro para um governo falido

A concessão de exploração mineral em áreas antes inexploradas na Amazônia Legal, parece ser uma estratégia do falido e ilegítimo governo Temer, como forma de agradar a setores específicos no Congresso Nacional.

Fontes do Mato Grosso confirmam que a cooperativa, seria na verdade uma empresa de fachada dos deputados peemedebistas Valtenir Pereira e Carlos Bezerra, este, ex-governador do Mato Grosso.

Mesmo a classe política acreana, foi pega de surpresa com a notícia do requerimento de lavra em solo juruaense. O deputado federal Moisés Diniz (PCdoB), irá pedir esclarecimentos ao DNPM em Brasília. Também manifestaram preocupação os deputados federal Major Rocha (PSDB) e Luís Gonzaga (PSDB).

Atividade Predatória

A exploração de ouro é considerada uma das atividades mais predatórias, com danos que se estendem desde o meio ambiente até a questão social, saúde e de segurança pública. Inicia-se com um grande afluxo de pessoas de outras regiões, o que em municípios pequenos e médios tende a gerar conflitos. Nos primeiros anos, os recursos advindos da exploração do ouro, quando encontrado, podem até gerar recursos que justifiquem a exploração. A tendência contudo, é que à medida em que o metal vá rareando (e ele vai ficar escasso, é só uma questão de tempo), as áreas também são gradualmente abandonadas, deixando para trás um cenário de miséria e desolação, quando não, um problema sério de segurança pública.

Foi o que aconteceu no garimpo da Serra do Caldeirão, justamente no município de Ponte e Lacerda-MT. Em maio deste ano o garimpo foi palco de uma ação policial para desocupação da área que vinha sendo utilizado para prostituição e uso de droga.

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