O secretário de Segurança Pública do Estado do Acre, Emylson Farias, atribuiu o aumento dos índices de violência no Estado do Acre à morte do megatraficante Jorge Rafaat, ocorrida em 22 de junho de 2016 em Pedro Juan Caballero (fronteira seca entre o Brasil e o Paraguai). A declaração foi dada nesta terça-feira (11) durante gravação do programa Gazeta Entrevista.
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Segundo Farias, o Acre registrava uma tendência de queda nos índices da violência, enquanto a média no Brasil continuava aumentando. “Depois dali [da morte de Rafaat] ocorreu uma reorganização na geopolítica do crime nacional e os números em 2016 aumentaram em todos os Estados brasileiros”, comentou o secretário.
Ele destacou que foi preciso atacar no que chama de “escritório do crime”, as penitenciárias, medidas tomadas no final de 2016 com a exportação de presos perigosos para fora do Estado e o estabelecimento do regimento diferenciado.
O investimento em bloqueadores de celulares foi, segundo o secretário, um divisor para registrar a queda no número de homicídios, a partir de março deste ano. A morte de um ‘irmão’ faccionário, cujo nome não foi revelado pelo operador de segurança pública, ocasionou o pico nos homicídios do início de julho até o dia 6.
O secretário disse que é quase impossível evitar o crime entre membros de facções. Ele criticou a ação de presos que se rebelam e decidem não entrar nos presídios exigindo seguranças. “Nós temos policiais lá dentro dos presídios, daqui a pouco ele vai querer que a gente coloque lá um ar-condicionado, colchão d’água, nós temos que se preocupar com a segurança da população”, acrescentou Farias.
Para o secretário, o Estado precisa garantir direitos e estar nas ruas ocupando território. Ele não se aprofundou nos boatos de facções que supostamente ameaçaram entrar em sua residência, disse ser um homem reservado e comedido.
“Quando a gente vai pra ruas e enfrenta o crime sofre ameaças, é o preço de quem combate organizações criminosas. Temos esse ônus, se tivermos que tombar com a própria vida vamos pagar, mas nunca recuar, é um juramento que fazemos como policiais”, disse.
Farias confirmou o aumento da violência e execuções no interior e destacou operações de apreensões de drogas e agentes do crime organizado em Cruzeiro do Sul. Interrompido pelo apresentador, o jornalista Rogério Venceslau, Emylson disse que quem lucra com o crime organizado é o grande traficante. Ele defendeu inteligência e polícia mais qualificada para o Estado chegar aos peixes grandes do crime.
Contradição
Os dados divulgados pelo secretário Emylson Farias vão de encontro ao relatório do Mapa da Violência 2014. Os dados indicam que os casos de homicídio no Acre aumentaram 38,4% entre os anos de 2002 e 2012. Somente entre os anos 2011 e 2012 o aumento nas mortes foi de 24,5%.
Entre domingo (2) e quinta-feira (6) da semana passada, Rio Branco registrou nove mortes violentas e com sinais de execuções. Houve aumento também no número de roubos, furtos e explosões a caixas eletrônicos. Na madrugada da última quarta-feira (5) criminosos invadiram um supermercado local e explodiram caixas eletrônicos.
Pré-candidato
Emylson Farias desconversou quando foi indagado sobre pré-candidatura ao Governo do Acre. “É uma honra ser pré-candidato e estar ao lado das outras três pessoas colocadas na disputa, mas tenho que fazer Segurança Pública pela manhã, tarde e noite”, declarou.