Levir diz que futebol está “esculhambado” e Brasil está “desgovernado”

O Santos arrancou um empate por 1 a 1, com o Grêmio, neste domingo, em Porto Alegre. A partida foi tensa, com troca de empurrões entre os jogadores, e só acabou aos 55 minutos do segundo tempo. Após o duelo, o técnico Levir Culpi afirmou em entrevista ao “Troca de Passes”que os dois times sofreram uma pressão exagerada para ganhar a partida.

O treinador acredita que, com os problemas políticos do Brasil, os torcedores estão descontando as cobranças que deveriam ser para os governantes nos jogadores e nos técnicos. E, para Levir Culpi, a única saída seria o investimento em educação.

“A coisa começa com o Governo. Estamos desgovernados, todos os políticos estão indo para a cadeia, porque a corrupção é incrível. Você é um torcedor, vem para o campo, e no campo é o lugar onde você exerce a democracia. Você reclama, xinga, fala o que quiser dentro do campo. A cobrança em cima do técnico e do jogador pode ser exercida. Mas essa cobrança deveria ser para os políticos. A esculhambação do futebol, que vocês estão vendo, é oriunda do nosso Governo. Tudo em torno do futebol é desorganizado. O que é organizado no Brasil? O que funciona? O que é muito legal? Vem de cima para baixo. O país tem que ser educado, temos que ter investimento em educação. Você pode vir ao campo, xingar o técnico, os jogadores. E está exercendo a democracia. Isso tem pressionado bastante. É um dos poucos lugares onde você pode falar o que sente. A pressão ficou muito forte”, disse o técnico.

Levir Culpi criticou também a imprensa, voltou a pedir investimento em educação e disse não acreditar em mudança na política.

“A imprensa comenta e quer repercursão do que fala. É interessante a polêmica, a briga, para a própria imprensa. É muito interessante que haja tumulto, confusão, porque é notícia. As pessoas ficam vidradas assistindo. Isso tudo começa pela nossa falta de educação, e termina assim: em pancadaria. Povo mal educado é povo que briga. É difícil. Como a gente vai mudar a política? Eu não acerto uma. Já votei na situação, já votei na oposição, e não acerto uma. Agora a gente quer consertar o futebol. No futebol tem que dar tudo certo… vamos mexer primeiro na política, vamos mexer na educação do povo, aí a gente vai progredir no futebol também.

Dentro de campo, após um primeiro tempo movimentado, Grêmio e Santos fizeram um jogo truncado no segundo tempo. Na opinião de Levir, os dois times estavam nervosos e equipes que estão nas primeiras posições da Série A são cobradas como se estivessem perto do Z-4.

– Eu não vi dessa maneira. O Grêmio não queria vencer? E o Santos entra em campo para não vencer? É a situação que se cria, o que a gente pode fazer. O jogo ficou muito truncado, com todos os jogadores participando da marcação da arbitragem. Havia uma pressão muito forte sobre os times, para antigirem o resultado. É uma coisa perigosa do campeonato. A pressão é tão forte sobre os jogadores, sobre a comissão, sobre o técnico, que você sai da casinha. Você não consegue coordenar, tem que vencer desesperadamente. Temos times que estão na ponta e são cobrados como se estivessem em oitavo, em 15º. A pressão é muito forte, e eu acho que isso ocasionou também esse desencontro no segundo tempo. Todo mundo se perdeu, nos cartões, na arbitragem. Isso trouxe um prejuízo para o jogo.

Levir Culpi considerou um empate com o Grêmio como um bom resultado para o Santos e elogiou o trabalho do colega Renato Portaluppi.

– Não é maravilhoso, mas estamos comemorando. Jogamos contra a equipe que joga talvez o melhor futebol, um dos três primeiros do Brasileiro. O time do Renato joga direitinho, é um time de muito volume de jogo. Levando-se em consideração que o jogo era aqui. Fizemos uma coisa importante que deve ser ressaltada, o nosso gol. A pressão foi muito forte, uma pressão em cima do juiz que eu não via há muito tempo também, a torcida participando. Dá para comemorar a conquista de um ponto, mas dá para ver que nosso time precisa melhorar muito.

O Santos teve apenas uma finalização certa em todo jogo: justamente a cabeçada de David Braz, que foi o gol do Peixe na partida. Brincando, o técnico disse que o time teve 100% de aproveitamento. No entanto, reconheceu que o rendimento da equipe pode melhorar. Mas crê que o Santos pode terminar entre os melhores do Brasileirão.

– Não precisa, nosso aproveitamento ofensivo está em 100%. Precisa melhorar? É só continuar com 100%. Ficou evidente no jogo. Enfrentamos um time que tem um controle de jogo ótimo, que conseguiu dominar as ações da partida. Mas o futebol tem essas coisas. O gol foi feito dentro do que nós pretendíamos, dentro do que nós estudamos. É um mérito que nós tivemos, não tem como tirar (…) Pelo que nós temos pela frente e pelo que nós podemos melhorar, porque o elenco é muito bom, nós vamos chegar nas cabeças do campeonato. Existe essa possibilidade, temos um elenco em condições. Mas não jogando o que nós estamos jogando agora.

Levir ainda brincou sobre os acréscimos do árbitro Bráulio da Silva Machado, que levou o segundo tempo até os 55 minutos, após lesões, confusão entre jogadores e a expulsão de Edilson, do Grêmio.

– Eu saí correndo para ele não dar mais um minuto de desconto. Saí correndo para não dar tempo. Teve muito desconto. É até cabível, tivemos muitas paradas por contusões, e realmente foram contusões importantes, perigosas. Claro que o tempo tem que ser acrescido. Mas fazia tempo que eu não via desconto também.

Com informações do site SporTV

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