Afinal, o programa global Criança Esperança ajuda, estimula ou confunde?

É uma programação na qual aparecem atrizes e atores, dentre outros personagens, que são referências e trazem motivação de boas coisas a quantos os assistem. Citem-se: Tony Ramos, Ivete Sangalo, Marcos Caruso, Cláudia Leite, Nando Reis (…) e por aí vai!

Neste ano, especialmente, com o mote – “Sua Esperança não estar sozinha” -, um belo chamamento de inclusão social. Vamos participar. Muito bom! Como reflexo, tem-se: reeducação social e uma arrecadação milionária (algo em torno de 15 milhões).

Dará para atender algumas comunidades, das inúmeras carentes Brasil a fora, em necessidades materiais enormes. Mas é apenas um lenitivo…precisamos muito mais!

Luciano Huck fez o lançamento oficial da campanha em 2017 /Foto: Globo

Deixa-se, com este Criança Esperança, alguns reflexos da melhor qualidade, outros não.

No primeiro rol está a forma de expressar boa vontade. Não tem dinheiro? Dê um abraço…faça visitas a pessoas humildes! Por outro lado, na relação dos reflexos questionáveis, está a inserção, entre os atores que pedem doação, de personagens (artistas) que interpretam “bandidos bem-sucedidos”, em mídias recentes ou que ainda estão sendo apresentadas.

No caso presente, ator interpretando “traficante bem-sucedido”, apresenta-se no programa pedindo doação para crianças. Fala-se de ator intérprete, atuando na novela da Globo: “Força do Querer” – no papel do “Rubinho” – “um traficante muito bem-sucedido”. Tal o sucesso, que tem como par romântico – sonhos de qualquer homem – a atriz Juliana Paes.

Isto ajuda, estimula ou confunde as cabeças de alguns (?!)…em especial, as crianças!

Não sendo demais lembrar o dito popular: “O inferno estar cheiro de boas intenções”.

Não nos esqueçamos que há pessoas que estão a assemelhar ou confundir “personagens das mídias” com agentes da “vida real”, em face ao poder massificador das mídias globais. Versão frequente que ouvimos dos próprios artistas, quando interpelados nas ruas, pelas pessoas comuns.

Com todos os muitos méritos que o programa tem, vejo necessidade de cautela em certos pontos, pois as crianças estão assistindo. Faço deste texto um alerta, minha contribuição para um novo programa Criança Esperança, sabendo que a minha esperança de ver o meu Brasil com menos drogas, não está só!

Antônio L. Furtado é professor universitário, advogado e acreano de Feijó

E-mail: [email protected]

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