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Em entrevisa, Bruno diz: “Quero apresentar uma pessoa que tem grandes revelações a fazer”

Por REVISTA VEJA

Bruno Borges, de 25 anos, conhecido Brasil afora como “menino do Acre”, voltou para casa na madrugada da última sexta-feira após cinco meses desaparecido. Em entrevista por e-mail a VEJA, o estudante afirma que seu sumiço “estimulou as pessoas a adquirir conhecimentos” e que durante o período conseguiu “lapidar a pedra filosofal”.

Borges desapareceu em 27 de março. Em seu quarto, na casa dos pais, em Rio Branco, foram encontrados códigos escritos nas paredes, teto e chão, catorze livros criptografados assinados por ele e uma estátua do filósofo italiano Giordano Bruno – e nenhum móvel.

Bruno concedeu um entrevista exclusiva à revista Veja /Foto: Reprodução

O primeiro volume lançado por Borges, TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento, saiu em julho pela editora Arte e Vida e entrou para a lista dos mais vendidos do site PublishNews. A Polícia Civil do Acre chegou a investigar o desaparecimento, mas interrompeu o caso após encontrar “fortes indícios” de que se tratou de uma ação de marketing.

A VEJA, Borges se negou a revelar seu paradeiro nos últimos meses e a esclarecer se o sumiço foi ou não um golpe publicitário. Disse que continua trabalhando em seu projeto e que, nas poucas vezes em que saiu de casa desde que voltou, foi bem recebido pelas pessoas na rua. Recorrendo a frases de efeito e respostas “simbólicas”, como frisou, insistiu que tudo o que faz é tentar “mudar a vida de milhares de pessoas para melhor através do despertar para o mundo do conhecimento”.

VEJA: O que você fez no período em que ficou afastado? Busquei o autoconhecimento.

Bruno: Na alquimia, dizemos que o operador procede em busca da pedra filosofal. Assim também eu fiz. Pude receber novas ideias e tracei o esboço para inúmeros livros, já que ninguém se banha no mesmo rio duas vezes e que já não sou o mesmo de antes.

VEJA: Como é o seu dia a dia hoje?

Bruno: Continuo voltado ao trabalho para conseguir concretizar minhas obras. No entanto, ainda estou tentando voltar para a realidade, é apenas uma questão de tempo.

VEJA: Seus pais ficaram chateados por não terem sido avisados do seu plano?

Bruno: Sempre acreditei que este projeto iria mudar a vida de milhares de pessoas para melhor através do despertar para o mundo do conhecimento e da investigação da verdade. Percebi que deveria fazer inúmeros sacrifícios. Um deles era guardar sigilo e não avisar meus pais. Certamente, eles ficaram chateados. Eu me desculpei e busquei aprender com meu erro. A vida é assim, só podemos progredir errando.

VEJA: O que seus pais falaram quando você voltou?

Bruno: Depois que eu me desculpei, eles me disseram que acabaram mudando para melhor e tiveram que crescer muito diante das dificuldades. Meus pais entenderam que esse projeto era como uma missão para mim e disseram que eu posso contar com eles. Espero poder retribuir todo o amor e carinho que eles têm por mim. Eu tenho os pais mais fortes do mundo, e os melhores. Mas acredito que quase todo filho diga o mesmo dos seus.

VEJA: Tem saído às ruas? Tem sido assediado?

Bruno: Sempre gostei de ficar em casa e sou muito reservado. Ainda não estou saindo, estou concentrado no trabalho. Tem muitas coisas que preciso colocar em ordem. Mas saí uma ou duas vezes e fui muito bem recebido por todos. A cidade é pequena e as pessoas se conhecem, sempre fui de falar com todo mundo e por isso sou recebido com muito carinho. Sou muito grato por isso.

VEJA: E seus amigos, falaram com você?

Bruno: Ainda não tive tempo de me reencontrar com todos, mas eles estão muito felizes por eu estar de volta. Sempre conversei muito sobre filosofia e outros assuntos com meus amigos, acho que ficou aquela saudade das discussões filosóficas em busca da verdade da vida. Eles aprenderam muitas coisas interessantes nesse período e eu também, e graças a isso enriquecemos mais ainda nossa amizade.

VEJA: Você disse ao programa Fantástico que sumiu para buscar a verdade da vida. Encontrou?

Bruno: Gostaria de responder simbolicamente. Cada um recebe de acordo com o merecimento. Mas em pouco tempo eu consegui lapidar a pedra filosofal. Porém, ela logo se dissolveu. Felizmente, é preciso apenas uma centelha para que a semente de mostarda comece a brotar e criar raízes. Vai depender agora de minha fé fazê-la crescer e criar seus ramos.

VEJA: Quando tomou a decisão de voltar?

Bruno: Quando percebi que já não conseguiria mais alcançar aquilo que vinha buscando para mim em isolamento. Toda a minha meta foi alcançada nos dois primeiros meses.

VEJA: O que acha do apelido ‘Menino do Acre’?

Bruno: Acho muito legal! Não me importo muito de como as pessoas me chamam, se elas acham ‘Menino do Acre’ legal, então eu também acho. O importante é que as pessoas se sintam bem com a maneira de me chamar.

VEJA: No seu livro você exalta o celibato. Você o pratica?

Bruno: O celibato é exaltado por mim em se tratando de processos criativos. É importante entender que se o celibato for praticado forçosamente acaba sendo prejudicial, mas, se ele advém de uma inspiração, torna-se um mecanismo importante de sublimação energética, visto que o indivíduo estaria utilizando esta energia para uma atividade criadora. Eu pratico o celibato de maneira intermitente, quando estou em processo criativo. Em geral passo meses, dependendo do meu projeto.

VEJA: Você também afirma ter uma alimentação totalmente frugívora.

Bruno: Passo meses sendo frugívoro. Mas eu também adoto no meu dia a dia uma dieta vegana, por ser mais prática. Acredito que essa dieta ajuda nos processos criativos.

VEJA: Você cita Hitler como exemplo de pessoa vegana, assexuada, que pratica o isolamento.

Bruno: Esses aspectos são importantes para alcançar objetivos. A pessoa que adota esses comportamentos pode escolher entre o trigo e a palha. Hitler entendia do assunto e de como deveria proceder, mas infelizmente ele resolveu tirar seus conteúdos do depósito de coisas ruins, e não das boas.

VEJA: Por que você deixou seus livros codificados?

Bruno: Um dos objetivos era estimular as pessoas a revelar o que está oculto. Isso é só o começo para a senda do autoconhecimento que todos nós buscamos em vida. Essa foi uma maneira de instigar as pessoas a dar o primeiro passo.

VEJA: De onde veio a inspiração para o código usado nos livros?

Bruno: Toda inspiração é de cunho alquímico. O resto, infelizmente, não há como dizer senão através de simbolismos.

VEJA: Você acredita em vida extraterrestre?

Bruno: Não estamos sozinhos e nunca estivemos. Eu vou dizer em breve o que sei. Também pretendo apresentar uma pessoa que tem grandes revelações a fazer.

VEJA: Você deixou catorze livros. Os outros treze serão publicados? Quando?

Bruno: Pretendo publicá-los gradualmente e em breve. Mas alguns livros talvez mereçam permanecer ocultos.

VEJA: Do que tratam os outros treze livros?

Bruno: Cada livro trata de um assunto específico. Eu escrevi livros de filosofia (política e metafísica); ocultismo; psicologia; teologia; história; romance; antropologia (experiências religiosas); mesclei com física quântica e desenvolvi uma teoria cosmogônica e algumas teorias na área de viagens no tempo.

VEJA: Você pode adiantar algo sobre a sua teoria na área de viagens no tempo?

Bruno: Tenho mais de cinco teorias nessa área. Desenvolvi algumas quando estive isolado. Os astecas utilizavam a fumaça dos corpos queimados em sacrifício para predizer o futuro. Existem substâncias alquímicas na natureza que podem facilitar o processo, mas em geral eu trabalho com a funcionalidade cerebral, conectando as informações (amor) em vez de discriminá-las (ódio). Eu já fiz alguns tipos de viagens no tempo e sei de algumas coisas que vão acontecer nos próximos anos. A minha primeira teoria já está toda no papel e vou colocar no meu blog em breve.

VEJA: Você disse que fez tudo isso com a intenção de fazer as pessoas buscarem conhecimento. De que forma acha que o seu desaparecimento poderia estimular essa busca?

Bruno: Se eu não tivesse procedido assim, as pessoas não teriam ficado tão curiosas em tentar entender tudo o que eu havia deixado. A maneira como meu desaparecimento estimulou as pessoas a adquirir conhecimentos é perceptível pelo fato de milhares de pessoas terem passado a discutir filosofia e assuntos que enriquecem o espírito, deixando de lado muitas coisas hostis e pueris que estão tomando conta de nossa sociedade, especialmente os jovens. As pessoas começaram a procurar algo que desse sentido a suas vidas e a leitura foi estimulada. O Brasil carece disso.

VEJA: Que tipo de conhecimento você acha que as pessoas devem buscar?

Bruno: Aquele que enriquece o espírito e que faz com que possamos nos conhecer melhor. O conhecimento mais útil é aquele que faz com que o indivíduo comece a agir em prol de ajudar não apenas ele mesmo, mas os seus semelhantes. Isso é utilitarismo.

VEJA: O que pretende fazer agora?

Bruno: O futuro próximo já reina. A era virtual já está entre nós. Por mais que as pessoas não percebam, a partir de agora o conhecimento será mais valorizado. Quanto mais conhecimento você tiver, mais influente será na sociedade. Eu continuarei buscando aprender com os outros e com tudo ao meu redor. Ainda estou engatinhando.

VEJA: Você está em que ano do curso de psicologia? Pretende retomar a graduação?

Bruno: Estou no 3º ano. Pretendo retomar e conseguir minha formação. Não podemos ficar parados, a sociedade exige nosso crescimento e nossa disciplina.

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