A mais nova perda do PSDB acreano, a do ex-deputado Henrique Afonso, que ingressou hoje nos PSL, evidencia mais um capítulo da história daquele que já foi o maior partido de oposição no Acre. A debandada do ninho tucano começou com a primeira-suplente do senador Gladson Cameli, Mailsa Gomes, e agora com a partida do ex-deputado Marcio Bittar. Se continuar nesse ritmo, quem vai ficar para apagar a luz?
A desidratação tucana vem acontecendo nas sucessivas eleições, notadamente de 2012 para 2016, quando o partido perdeu um em cada quatro eleitores em todo o Estado do Acre. O período coincide com a gestão do deputado federal Major Rocha, presidente regional desde 2014. “Se continuar nesse ritmo, o PSBB vai se tornar um partido nanico”, declarou um dirigente, que pediu para não ser identificado.
Em 2016 a legenda disputou apenas oito prefeituras, elegendo dois prefeitos: o de Assis Brasil [Zum] e Plácido de Castro [Gedeon Souza]. A sigla obteve apenas 35.022 votos, um dos piores resultados dos últimos tempos, encolhendo drasticamente a sua representatividade em todas as cidades.
Em Rio Branco, o partido saiu de uma eleição disputada em 2016, com Tião Bocalom, que obteve 77 mil votos, para uma disputa acanhada, de apenas 9 mil votos, ficando em último lugar na somatória total dos votos válidos. A proposta de coligação com o PR, partido que apoiou a Frente Popular no Segundo Turno de 2014, “não decolou”. O PSDB, que tinha três vereadores na Capital, ficou apenas com dois.
Em Cruzeiro do Sul, município onde Henrique Afonso foi candidato, o partido também amargou uma grande derrota, ficando em último lugar na disputa majoritária. Além disso, o PSDB não conseguiu eleger nenhum vereador no segundo maior colégio eleitoral do Estado. Nas vinte e duas cidades, o partido conseguiu eleger apenas 16 vereadores. Em 2012, os tucanos elegeram 28 vereadores, tornando-se, na época, a maior bancada da oposição.
Secretário-geral do PSDB diz saída de membros é um processo natural
Para o secretário estadual do PSDB, Manoel Pedro, o Correinha, uma eleição e a construção de um partido não se faz apenas com matemática e avaliações de momentos. “A saída e o ingresso de pessoas numa legenda é algo natural”, declarou o dirigente, anunciando que, a partir deste momento, o partido vai buscar novas filiações. “Todos estamos no campo da oposição”, acrescentou ele, referindo-se à ida do ex-deputado federal Marcio Bittar para o PMDB.
Os números divulgados pela assessoria de imprensa do próprio partido mostram que onde a sigla buscou união com os demais partidos de oposição saiu vitorioso, como foi o caso das eleições de Zé Augusto (PP), em Capixaba, Kiefer (PP) em Feijó, Tanizio Sá (PMDB) em Manoel Urbano, Isaac Piânko (PMDB) em Marechal Thaumaturgo, Zezinho Barbary (PMDB) em Porto Walter e Marilete Vitorino (PSD) em Tarauacá.
Deixo grandes amigos no PSDB, diz Marcio Bittar
Eleito o deputado federal melhor votado pelo Acre e o segundo no Brasil, o ex-presidente do PSDB, Marcio Bittar, disse que vai deixar grande amigos. Também desejou sucesso para o deputado Major Rocha e demais integrantes da direção. “O PSDB é um grande partido, junto com o PMDB e demais siglas de oposição, vai cerrar fileiras na oposição, principalmente fortalecendo a candidatura do senador Gladson Cameli ao governo do Acre”, ressaltou Bittar.