Conhecido popularmente como derrame ou trombose, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda doença que mais mata no país, atrás apenas dos problemas cardiovasculares. Os dados são do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O Acre está em segundo lugar ranking entre os Estados onde mais pessoas são vítimas do AVC: a ocorrência da enfermidade cresceu 32,6% entre 2008 e 2014. Com este número, o Estado fica atrás apenas do Amapá, onde a doença avançou 89,7% no mesmo período.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2016, quase 177 mil pessoas foram internadas para tratamento de AVC no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. Quase 30 mil pacientes morreram por conta do Acidente Vascular.
Há cerca de sete anos o youtuber e jornalista acreano Igor Martins foi vítima da doença quando tinha apenas 23 anos de idade, ele explica que os primeiros sintomas apareceram cerca de um mês antes de ocorrer o AVC.
“As pessoas sempre associam o derrame a pessoas velhas, mas eu tinha apenas 23 anos, apesar de ser obeso eu era saudável, até que um dia eu comecei a sentir umas dores de cabeça fortes bem incomuns e um mês depois eu estava na casa de uma amiga quando passei mal e desmaiei”.
Falta de estrutura na rede pública
Uma pesquisa divulgada na última segunda-feira (31) pelo CFM com médicos neurologistas e neurocirurgiões brasileiros revela que 76% dos hospitais públicos não apresentam condições adequadas para atender casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Apenas 3% dos serviços avaliados pelos médicos têm estrutura classificada como muito adequada e 21% como adequada. De acordo com a maioria dos 501 médicos entrevistados, as unidades públicas de saúde nem sempre estão preparadas para receber de forma adequada um paciente com sintomas do AVC.
Igor Martins foi uma das vítimas do mau atendimento e inclusive diagnósticos errôneos. “Quando eu tive o AVC, minhas amigas ligaram para o Samu e relataram os sintomas, pois eu estava desacordado, porém mesmo após muitas tentativas eles se negavam até que foram me atender. Fui levado ao pronto socorro e tratado com descaso, mesmo explicando os sintomas eles não conseguiram identificar em momento algum que poderia ser um AVC, sai de lá e fui para a rede particular, onde novamente fui mal atendido”, relatou o youtuber.
Ainda de acordo com o jornalista, ele passou três dias internado em um hospital particular sem nenhum diagnóstico, passou por exames nos quais não seria possível detectar um AVC, após sair do hospital e chegar em casa teve uma paralisia.
“Mesmo após sair do hospital e em casa ter este sintoma de paralisia, mas voltar ao mesmo hospital, não conseguiram diagnosticar o que eu tinha. Passei por cinco neurocirurgiões diferentes, um deles chegou a me diagnosticar com depressão, fui encaminhado até mesmo para psiquiatra, isso foi se arrastando por muito tempo até que decidiram pedir a ressonância, que era o exame capaz de diagnosticar”, relatou.
Para receber o atendimento adequado, Martins explica que foi orientado a viajar para outro Estado e somente lá teve o diagnóstico correto: “O maior problema acredito que foi minha idade, por ser muito jovem, todos descartavam a possibilidade de ser um AVC”, finalizou.
Sintomas
O acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, ocorre quando há um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada.
Dentre os sintomas estão diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do corpo, além de alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo, perda súbita de visão em um olho ou nos dois olhos, alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar ou para compreender a linguagem, dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente, instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos.
Igor Martins gravou recentemente um vídeo para o seu canal no YouTube no qual conta sua experiência e alerta para os sintomas que podem parecer comuns e passarem despercebidos.