No dia 21 de setembro, o professor de educação física Elioney Linhares, de 28 anos, saiu para encontrar uma pessoa não identificada. Só seria encontrado dois dias depois, assassinado com mais de 20 facadas no corpo. Após o ato, teve pertences como celular, carteira e dinheiro roubados e, em seguida, o corpo sem vida arremessado em uma cova rasa improvisada no km 01 da Estrada do Quixadá.
Embora ainda não se tenham suspeitos ou o real motivo, a polícia também trabalha com a suspeita de homofobia. Caso de ódio sem motivo ou não, Elioney infelizmente entra para uma estatística da qual o Brasil é líder.
OS NÚMEROS
Um assassinato a cada 25 horas. Estas são as estatísticas de homicídios ligados à população LGBT de acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia (GGB). Ainda de acordo com o grupo, até maio deste ano, cerca de 117 pessoas (entre lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) foram assassinadas no Brasil.
Já em 2016, segundo a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais, 340 LGBTs foram mortos no Brasil. A GGB, por sua vez, contabilizou 343. É quase uma vítima por dia, sendo até então, o maior número já registrado na história. Em 2015, foram registradas 318 mortes, segundo informações do grupo.
Nos últimos oito anos, o país matou ao menos 868 travestis e transexuais. Em número absolutos, o país registrou o triplo de assassinatos do segundo colocado (México), onde houve 256 mortes entre janeiro de 2008 e julho de 2016. O levantamento foi publicado pela ONG internacional Transgender Europe (TGEu), em novembro do ano passado.
NO ACRE
Com informações do presidente da Associação dos Homossexuais do Acre (Ahac), Germano Marinho, de 2014 para 2016, o número de vítimas LGBT dobrou no período de 2014 a 2016. Em 2014, foram três vítimas confirmas, e dois anos depois, em 2016, foram seis vítimas. Até o dia 23 deste mês, quando foi encontrado o corpo do professor Elioney, três mortes (incluindo a do educador) estão contabilizadas.
Marino explica que o aumento desses discursos de ódio na sociedade, principalmente pelos conservadores e religiosos, só aumenta a raiva sem sentido que é direcionada para a população LGBT.
“Temos observado esse aumento, sendo que esses crimes quase sempre possuem requintes de crueldade. Pra roubar alguém, você não precisa direcionar mais de 20 facadas no indivíduo. Homofobia é uma coisa internalizada, que desconsidera o ser humano por causa de sua sexualidade”, afirmou Germano.