Metade dos brasileiros adultos (entre 25 e 64 anos) não concluiu o Ensino Médio. O número é mais do que o dobro em relação à média (22%) dos países da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), que traz nesta terça-feira (12) um estudo comparativo sobre índices educacionais entre 41 países, o Education at a Glance. Além disso, 17% não terminaram nem mesmo o Ensino Fundamental, ante 2% na média da OCDE. Os dados divulgados nesta terça-feira (12) se referem ao ano de 2015.
Segundo o documento, o Brasil tem uma das piores médias entre os países avaliados, só atrás da Índia. “Enquanto na maioria dos países da OCDE e parceiros há apenas 5% dos adultos sem atingir a educação primária (Ensino Fundamental), há algumas exceções notáveis: Brasil (17%), Costa Rica (3%), Índia (46%), México (14%) e África do Sul (15%)”.
Além da dificuldade de acesso, parte dos estudantes não conseguem concluir a etapa na idade certa. Segundo o relatório, só 53% dos adolescentes de 15 anos chegam ao ensino médio, com 34% deles ainda no ensino fundamental. Na média da OCDE, 90% dos estudantes entre 15 e 17 anos já chegam nesta etapa.
O relatório indica, no entanto, avanço no País: entre os mais jovens (25 a 34 anos), a fatia de estudantes que concluíram o Ensino Médio subiu de 53%, em 2010, para 64%, em 2015.
Na Educação Infantil os índices também estão abaixo da média. Só 37% das crianças de dois anos e 60% das que têm três anos estão na creche, ante as médias de 39% e 78%, respectivamente, na OCDE. Na pré-escola, o índice chega a 79%, também abaixo da OCDE, com 87%, e de outros países da América Latina, como Chile (86%), Argentina (81%) e Colômbia (81%).
Universidade
O acesso ao Ensino Superior avançou no Brasil, mas ainda está abaixo da média. Só 15% dos adultos (25-64 anos) chegam a esta etapa do ensino, abaixo de países como Argentina (21%), Chile (22%), Colômbia (22%), Costa Rica (23%) e México (17%). Por outro lado, o País está à frente de outros do BRICS: China (10%), Índia (11%) e África do Sul (12%).
O relatório aponta também a desigualdade no acesso à universidade. Enquanto 35% dos jovens entre 25 e 34 anos chegam a esta etapa no Distrito Federal, só 7% a alcançam no Maranhão, por exemplo.
Por causa do baixo índice de aprovados, a diferença de salário entre quem faz faculdade e quem não faz é maior no Brasil do que em outros países: uma graduação pode render salário até 2,4 vezes maior no País, ante 1,5 na média da OCDE. Se o profissional tiver doutorado, a diferença é de 4,5 vezes, mais do que o dobro da OCDE (2).
Salário
O Education at a Glance mostra, mais uma vez, que o salário pago aos professores brasileiros também está abaixo da média da OCDE – paga-se 13 mil dólares por ano, em média, ante 30 mil dólares nos outros países. O número de alunos para cada docente também é maior – são 14 crianças, ante 8 na média da OCDE.