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“Bolsonaro é um reflexo da insatisfação da sociedade, os mitos nascem dessa forma”, diz ex-juiz

Por WILIANDRO DERZE, PARA CONTILNET

O jurista Maurício Hohenberger é conhecido por ser um cidadão de muito conhecimento e preparo para debater temas contemporâneos e da atualidade. Dono de um currículo invejável, o advogado foi professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), chefe de gabinete no Tribunal de Contas e juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE) por dois anos – indicação da OAB.

Em entrevista à ContilNet, Maurício falou da política local e nacional dando declarações polêmicas. O jurista revelou que não tinha a menor vontade de ser político, mas diante de todos os acontecimentos acha necessário contribuir para a melhoria dos quadros no Brasil e principalmente no Acre.

Maurício Hohenberger foi professora da UFAC e chefe de gabinete do TCE e Juiz do TRE indicado pela OAB/Foto: reprodução

Neste sentido, Hohenberger afirma que a política se encontra desmoralizada e que a onda de apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro como pré-candidato a presidente da República, surge por conta de toda a corrupção, insegurança e serviços públicos de má qualidade prestados à população.

Questionado sobre qual avaliação faz do governo Tião Viana, Maurício foi pontual ao dizer que a gestão petista decretou a falência do Estado. Sobre isso acrescentou dizendo que as licitações desertas que estão acontecendo no Acre são provas do escárnio com a máquina pública.

Hohenberger também destaca a alternativa para se desenvolver as ações do Estado e um amplo estudo da economia, planejando e definindo metas que tenham como objetivo melhorar financeiramente os cofres do Estado. Finaliza, afirmando que o gestor precisa entender que sem saúde financeira o Acre não será capaz de crescer.

Ao conceder a entrevista, Maurício deixou claro sua oposição a atual gestão do PT no Acre e na Capital, além disso levantou temas importantes como os problemas na saúde e dificuldade financeira que o Estado apresenta.

Confira os principais trechos da entrevista:

ContilNet: Como o senhor analisa a política hoje?

Maurício: – A política no Brasil como um todo, está totalmente desmoralizada, a falta de moral é tão grande que a população não mede esforços para atacar toda a classe política. Podemos observar que tudo aquilo que acontecia de forma oculta, hoje acontece às claras e os políticos corruptos não se escondem. Tamanha é a incapacidade do Estado em punir as condutas ilícitas, que é o pior reflexo do que acontece.

ContilNet: O senhor será candidato a deputado estadual ou federal? Qual partido pretende se filiar?

Maurício: Nunca tive a menor vontade de ser político, não sei ainda se serei pré-candidato a deputado federal ou estadual, com relação a partido, estava filiado ao Democratas, porém estou me retirando e devo me filiar a outro partido, temos até 2 de abril de 2018 para escolher uma agremiação partidária.

ContilNet: Como o senhor analisa a oposição no Acre?

Maurício: A oposição no Acre envelheceu tanto quanto a situação, não há oportunidades para novas lideranças. Hoje seria muito bom termos uma 3ª via, porém, agora não dá mais tempo e temos que nos apresentar nessas condições.

ContilNet: Qual a análise que o senhor faz a respeito da política do PT no Acre?

Maurício: O grande problema é que sempre alardearam um projeto de sustentabilidade, que, confesso nunca consegui uma explicação desse projeto e hoje chegamos ao caos social, completamente falidos, a prova disso está aí para todos verem. O Estado não paga ninguém, e isso para mim é um estelionato público, ao que se vê, sem pagamento das obrigações administrativas assumidas. Somos reféns dessa economia falida, que nada produz, com uma indústria estéril.

ContilNet: O senhor teve uma experiência ao ser juiz do Tribunal Regional Eleitoral. Qual a avaliação que faz da sua passagem pela Corte Eleitoral?

Maurício: Fui representante como juiz -jurista da OAB do Acre, no biênio de 2008-2010, procurei cumprir as minhas obrigações e penso que não decepcionei a minha classe.

ContilNet: Qual a sua avaliação com relação a onda de mudanças e posicionamento mais conservadores que tomou de conta da pré-candidatura do deputado Jair Bolsonaro?

Maurício: O Bolsonaro é um reflexo da insatisfação da sociedade, por tudo que estamos vivendo neste cenário político caótico, os mitos nascem dessa forma, ainda mais pela falta de opções.

ContilNet: Qual a análise que o senhor faz da pré-candidatura do Prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre ao Governo?

Maurício: Eu já assisti este filme, quando o Flaviano era prefeito e tinha uma grande aprovação. Mas ele é a única opção do PT e não vai fazer nenhum milagre com a falência do Estado que estamos vivendo. A prefeitura não está diferente do Estado, é só ver o noticiário diário e isso deve pesar em 2018.

O jurista é reconhecido na sociedade pelos trabalhos na área advocatícia e pelas declarações polêmicas/Foto: reprodução

ContilNet: O Estado enfrenta vários problemas, um são as licitações desertas que vêm acontecendo, principalmente quando é preciso adquirir remédios para as unidades de saúde. Qual sua avaliação a respeito dessa situação?

Maurício: Isso é a pura demonstração da situação financeira de falência do Estado, é um absurdo e nós tivemos duas licitações desertas referente à compra de medicamentos para o hospital do câncer, além da situação do hospital Santa Juliana, isso é um escárnio. Imaginem quem faz tratamento do câncer, com a interrupção. E olha que temos um governador que é médico. Se o Estado é incompetente para gerenciar os gastos públicos, vamos continuar tirando de onde não temos, para investir onde não precisamos. Temos como exemplo o museu de R$ 32 milhões e outros.

ContilNet: Essa última situação que envolveu o Governo do Estado e o hospital Santa Juliana. O Estado está errado ou o hospital exige demais?

Maurício: Essa posição é absurda, pois, como é de conhecimento geral, o Estado não paga ninguém. Só a título de informação, o palácio está com os sistemas de ar condicionado inoperante, e com a vinda da comitiva para o Acre, procuraram sanar os problemas, porém, nenhuma empresa aceitou o trabalho, sem receber antes, o que significa isso? Significa que operar com o governo é extremamente perigoso. Fica uma pergunta? Quais os motivos do hospital Santa Juliana em romper com a suas obrigações contratuais?

ContilNet: Com relação às empresas que o Governo tem aportes financeiros, no caso a Peixes da Amazônia, fábrica de preservativos e as demais, como o senhor avalia esses últimos problemas judiciais ocorridos?

Maurício: Na realidade é cruel, são projetos nos quais se utilizaram grandes somas de dinheiro, através de empréstimos, os quais serão cobrados no futuro, e todos completamente falidos, quem pagará a conta? Os noticiários demonstram essas falência diariamente, e muitos escândalos vão aparecer, aguardem e verão. Esta é a comprovação de que um Estado incompetente é extremamente nocivo para a economia, pois, como se explica que um preservativo produzido na China chegar a metade do preço da produção daqui.

ContilNet: O que o senhor propõe como saída nesta situação para o crescimento do Estado?

Maurício: Em primeiro lugar é fundamental que os novos representantes políticos ouçam a sociedade, pois o político é apenas um representante da sociedade, e que o povo tenha participação num debate franco. Está na hora de propormos alternativas reais, como por exemplo, o amplo estudo da economia do Estado, planejando e definindo metas, que visam a saúde financeira do Estado. O gestor precisa entender que um Estado sem saúde financeira não será capaz de crescer e todo esse planejamento tem que ser feito da forma mais cristalina possível, inclusive com a ajuda das instituições de ensino do Estado, promovendo assim, uma inclusão social inédita da sociedade.

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